
São três histórias e três linguagens. Emma, vivida por Alison Pill trabalha em uma fábrica de mulheres infláveis, sonha em ter seios grandes e nas horas vagas desenha uma HQ. Michelle é modelo, mas quer mesmo ser escritora. Já Edward é um famoso diretor de filmes de ação que quer provar que pode ser um cineasta autoral de filmes de arte que tenha algo mais a dizer.

Pena que o roteiro não aprofunde isso. Fica tudo ali apenas latente, na superfície também. A questão da mulher na sociedade, o machismo e outros pequenos detalhes passam quase despercebidos. Mas não deixa de construir uma divertida sátira à própria discussão, principalmente na parte final, quando o roteiro do filme de Edward começa a ser discutido ou os seios de Emma se tornam um problema.


O elenco misto com atores de países diversos consegue algum equilíbrio, ainda que não traga grandes destaques. Mariana Ximenes traz uma artificialidade inclusive na fala no início, mas que pode ser proposital diante da trajetória da personagem. O núcleo de Gael Garcia Bernal tem uma participação atípica, já que são animados em rotoscopia, ou seja, o desenho é feito em cima de uma imagem real.
No final, Zoom é um filme divertido, com potencial para mais, mas que consegue um bom resultado, ainda mais para um diretor estreante em um projeto tão ousado. Torço para que o caminho de Pedro Morelli nos surpreenda cada vez mais. O cinema, não apenas o nacional, está precisando de novos ares há muito tempo.
Zoom (Zoom, 2015 / Brasil / Canadá)
Direção: Pedro Morelli
Roteiro: Matt Hansen
Com: Gael García Bernal, Alison Pill, Mariana Ximenes, Jason Priestley, Claudia Ohana, Tyler Labine, Don McKellar
Duração: 96 min.