45 Anos
Um filme pode nos tocar de diversas formas. E há aspectos também diversos que podem nos chamar a atenção em uma obra. Em "45 Anos", sem dúvidas, o que fica é a interpretação de Charlotte Rampling. Não por acaso, foi indicada ao Oscar.
O filme, na realidade, se passa na cabeça dela. E é através de seus gestos que vamos nos conectando com a história que está sendo contada. Uma mulher simples, com um casamento aparentemente feliz, prestes a comemorar 45 anos de união. Mas a notícia de um corpo de mulher encontrado nos Alpes suíços começa a questionar tudo isso, culminando no estonteante final.
É interessante perceber que as aparências não são abaladas com o que nos perturba a alma. Kate continua sua preparação para a festa tranquilamente, assim como Geoff parece bem alinhado a tudo aquilo. Pelo menos na visão dos amigos e pessoas que convivem com o casal. Mas, por dentro, ambos não são mais os mesmos. O fantasma do passado vai minando-os ainda mais.
O roteiro constrói essa mudança de maneira fluida com os preparativos, marcando didaticamente cada dia e a aproximação da festa. Cada conversa, cada nova descoberta, cada revelação desconcertante parece ir minando Kate por dentro. E Charlotte Rampling nos passa isso de uma maneira incrível. Ficamos com ela e percebemos cada significado.
Ao mesmo tempo, o filme questiona os rituais sociais, como a necessidade de uma festa pomposa para celebrar o amor. Mesmo que esse amor esteja mais nas aparências que dentro das quatro paredes. É interessante ver também que essa necessidade de mostrar aos outros não parece uma rotina tão genuína do casal, já que ela questiona o fato deles não terem muitas fotos de momentos marcantes.
O fato de ser uma festa de 45 anos também traz novos significados. O filme nos lembra o tempo todo ser uma data quebrada, no que a protagonista explica que nos 40 anos, Geoff estava doente e por isso, não fizeram a comemoração. Pela tradição, 45 anos são Bodas de Rubi, normalmente comemorado com uma festa mais íntima. De qualquer maneira simboliza o reforço do amor e da paixão. Mas é como se esse amor e paixão fosse fogo falso, diante do que Kate descobre e esse é o grande problema para ela.
O filme não chega a ser uma grande obra, mas é construído nos detalhes. Principalmente na atuação de Charlotte Rampling, como já foi dito. E observa seus gestos e transformação, trazem reflexões instigantes que nos fazem fazer a jornada. Principalmente a última cena que, de certa maneira, resume bem toda a trajetória até ali.
45 anos (45 Years, 2015 / Reino Unido)
Direção: Andrew Haigh
Roteiro: Andrew Haigh
Com: Charlotte Rampling, Tom Courtenay, Geraldine James
Duração: 95 min.
O filme, na realidade, se passa na cabeça dela. E é através de seus gestos que vamos nos conectando com a história que está sendo contada. Uma mulher simples, com um casamento aparentemente feliz, prestes a comemorar 45 anos de união. Mas a notícia de um corpo de mulher encontrado nos Alpes suíços começa a questionar tudo isso, culminando no estonteante final.
É interessante perceber que as aparências não são abaladas com o que nos perturba a alma. Kate continua sua preparação para a festa tranquilamente, assim como Geoff parece bem alinhado a tudo aquilo. Pelo menos na visão dos amigos e pessoas que convivem com o casal. Mas, por dentro, ambos não são mais os mesmos. O fantasma do passado vai minando-os ainda mais.
O roteiro constrói essa mudança de maneira fluida com os preparativos, marcando didaticamente cada dia e a aproximação da festa. Cada conversa, cada nova descoberta, cada revelação desconcertante parece ir minando Kate por dentro. E Charlotte Rampling nos passa isso de uma maneira incrível. Ficamos com ela e percebemos cada significado.
Ao mesmo tempo, o filme questiona os rituais sociais, como a necessidade de uma festa pomposa para celebrar o amor. Mesmo que esse amor esteja mais nas aparências que dentro das quatro paredes. É interessante ver também que essa necessidade de mostrar aos outros não parece uma rotina tão genuína do casal, já que ela questiona o fato deles não terem muitas fotos de momentos marcantes.
O fato de ser uma festa de 45 anos também traz novos significados. O filme nos lembra o tempo todo ser uma data quebrada, no que a protagonista explica que nos 40 anos, Geoff estava doente e por isso, não fizeram a comemoração. Pela tradição, 45 anos são Bodas de Rubi, normalmente comemorado com uma festa mais íntima. De qualquer maneira simboliza o reforço do amor e da paixão. Mas é como se esse amor e paixão fosse fogo falso, diante do que Kate descobre e esse é o grande problema para ela.
O filme não chega a ser uma grande obra, mas é construído nos detalhes. Principalmente na atuação de Charlotte Rampling, como já foi dito. E observa seus gestos e transformação, trazem reflexões instigantes que nos fazem fazer a jornada. Principalmente a última cena que, de certa maneira, resume bem toda a trajetória até ali.
45 anos (45 Years, 2015 / Reino Unido)
Direção: Andrew Haigh
Roteiro: Andrew Haigh
Com: Charlotte Rampling, Tom Courtenay, Geraldine James
Duração: 95 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
45 Anos
2016-04-23T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
Andrew Haigh|Charlotte Rampling|critica|drama|Geraldine James|oscar 2016|Tom Courtenay|
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