
O filme, na realidade, se passa na cabeça dela. E é através de seus gestos que vamos nos conectando com a história que está sendo contada. Uma mulher simples, com um casamento aparentemente feliz, prestes a comemorar 45 anos de união. Mas a notícia de um corpo de mulher encontrado nos Alpes suíços começa a questionar tudo isso, culminando no estonteante final.

O roteiro constrói essa mudança de maneira fluida com os preparativos, marcando didaticamente cada dia e a aproximação da festa. Cada conversa, cada nova descoberta, cada revelação desconcertante parece ir minando Kate por dentro. E Charlotte Rampling nos passa isso de uma maneira incrível. Ficamos com ela e percebemos cada significado.

O fato de ser uma festa de 45 anos também traz novos significados. O filme nos lembra o tempo todo ser uma data quebrada, no que a protagonista explica que nos 40 anos, Geoff estava doente e por isso, não fizeram a comemoração. Pela tradição, 45 anos são Bodas de Rubi, normalmente comemorado com uma festa mais íntima. De qualquer maneira simboliza o reforço do amor e da paixão. Mas é como se esse amor e paixão fosse fogo falso, diante do que Kate descobre e esse é o grande problema para ela.
O filme não chega a ser uma grande obra, mas é construído nos detalhes. Principalmente na atuação de Charlotte Rampling, como já foi dito. E observa seus gestos e transformação, trazem reflexões instigantes que nos fazem fazer a jornada. Principalmente a última cena que, de certa maneira, resume bem toda a trajetória até ali.
45 anos (45 Years, 2015 / Reino Unido)
Direção: Andrew Haigh
Roteiro: Andrew Haigh
Com: Charlotte Rampling, Tom Courtenay, Geraldine James
Duração: 95 min.