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Ellen Page
Julianne Moore
Michael Shannon
Peter Sollett
Steve Carell
Amor por Direito
Amor por Direito
Todo filme precisa ser avaliado por aquilo que se propõe. E, nesse ponto, Amor por Direito tem muito mais qualidades que defeitos, ainda que possua uma direção dura e alguns estereótipos ressaltados, há ali uma história de amor bem contada com interpretações sensíveis e a capacidade de nos envolver e emocionar.
Laurel Hester é uma policial bem sucedida e respeitada pelos colegas, seu sonho é ser tenente. Um dia ela conhece a jovem Stacie Andree por quem se apaixona. As duas montam uma casa juntas e são felizes, apesar de alguns receios de Laurel em assumir a relação. Acontece que a descoberta de um câncer terminal pela policial a leva a lutar pelo direito de sua companheira receber sua pensão após sua morte, já que a união estável simplesmente não garante isso no estado onde vivem.
Tanto Julianne Moore, quanto Ellen Page conseguem demonstrar sensibilidade na construção de seus papéis. Há uma caracterização mais masculinizada na personagem de Page, não apenas pela postura, como vestimentas e profissão de mecânica. Mas, não chega a ser tratada com preconceito e estereótipo até pelo contraponto da personagem de Moore, que mesmo sendo uma policial bem sucedida, é extremamente feminina. Faz parte da personalidade de cada personagem e o filme consegue passar isso de uma maneira natural.
Ao contrário do personagem de Steve Carell que traz o discurso panfletário para trama e, não por acaso, acaba se tornando o alívio cômico. Sua fala, seus gestos e suas ações são exageradas, ainda que defendam uma causa justa. Acaba caindo em um estereótipo folclórico, contrastando com o próprio drama das protagonistas. Ainda assim, o talento do ator consegue nos divertir em alguns momentos.
Já o personagem de Michael Shannon é um contraponto bem dosado. O parceiro e amigo de Laurel consegue ser a representação sensível do heterossexual simpatizante da causa, para não tornar a luta por direitos humanos algo tão específico. Mesmo que seja pela relação afetiva que tem com a protagonista, ele consegue ser um ponto de voz importante no decorrer da trama. Seu discurso para os vereadores, por exemplo, é muito bem conduzido, principalmente ao expor o quanto toda aquela situação é falha.
A direção de Peter Sollett, no entanto, é dura, pouco criativa e com uma estrutura clássica que acaba não colaborando tanto com a trama. É na história que está a força, não exatamente na história das duas em específico, mas na história da luta pelos direitos homossexuais. Tanto que Sollett gasta pouco tempo explorando as dificuldades da doença de Laurel ou mesmo do sofrimento de Stacie com tudo aquilo. O foco é no julgamento.
Por ser baseado em uma história real, o filme ganha ainda outro nível de imersão até mesmo pela representatividade daquelas personagens para a causa como um todo. E o envolvimento acaba sendo maior inclusive pelas imagens nos créditos. Saímos da sessão com a certeza da importância daquilo que acabamos de ver, independente das qualidades fílmicas.
Amor por Direito cumpre, então, o seu papel. A função de construir a empatia do público para com a causa homossexual, pela empatia com o amor e situação de Laurel e Stacie, ou mesmo pela catarse do drama.
Amor por Direito (Freeheld, 2016 / EUA)
Direção: Peter Sollett
Roteiro: Ron Nyswaner
Com: Julianne Moore, Ellen Page, Steve Carell, Michael Shannon
Duração: 103 min.
Laurel Hester é uma policial bem sucedida e respeitada pelos colegas, seu sonho é ser tenente. Um dia ela conhece a jovem Stacie Andree por quem se apaixona. As duas montam uma casa juntas e são felizes, apesar de alguns receios de Laurel em assumir a relação. Acontece que a descoberta de um câncer terminal pela policial a leva a lutar pelo direito de sua companheira receber sua pensão após sua morte, já que a união estável simplesmente não garante isso no estado onde vivem.
Tanto Julianne Moore, quanto Ellen Page conseguem demonstrar sensibilidade na construção de seus papéis. Há uma caracterização mais masculinizada na personagem de Page, não apenas pela postura, como vestimentas e profissão de mecânica. Mas, não chega a ser tratada com preconceito e estereótipo até pelo contraponto da personagem de Moore, que mesmo sendo uma policial bem sucedida, é extremamente feminina. Faz parte da personalidade de cada personagem e o filme consegue passar isso de uma maneira natural.
Ao contrário do personagem de Steve Carell que traz o discurso panfletário para trama e, não por acaso, acaba se tornando o alívio cômico. Sua fala, seus gestos e suas ações são exageradas, ainda que defendam uma causa justa. Acaba caindo em um estereótipo folclórico, contrastando com o próprio drama das protagonistas. Ainda assim, o talento do ator consegue nos divertir em alguns momentos.
Já o personagem de Michael Shannon é um contraponto bem dosado. O parceiro e amigo de Laurel consegue ser a representação sensível do heterossexual simpatizante da causa, para não tornar a luta por direitos humanos algo tão específico. Mesmo que seja pela relação afetiva que tem com a protagonista, ele consegue ser um ponto de voz importante no decorrer da trama. Seu discurso para os vereadores, por exemplo, é muito bem conduzido, principalmente ao expor o quanto toda aquela situação é falha.
A direção de Peter Sollett, no entanto, é dura, pouco criativa e com uma estrutura clássica que acaba não colaborando tanto com a trama. É na história que está a força, não exatamente na história das duas em específico, mas na história da luta pelos direitos homossexuais. Tanto que Sollett gasta pouco tempo explorando as dificuldades da doença de Laurel ou mesmo do sofrimento de Stacie com tudo aquilo. O foco é no julgamento.
Por ser baseado em uma história real, o filme ganha ainda outro nível de imersão até mesmo pela representatividade daquelas personagens para a causa como um todo. E o envolvimento acaba sendo maior inclusive pelas imagens nos créditos. Saímos da sessão com a certeza da importância daquilo que acabamos de ver, independente das qualidades fílmicas.
Amor por Direito cumpre, então, o seu papel. A função de construir a empatia do público para com a causa homossexual, pela empatia com o amor e situação de Laurel e Stacie, ou mesmo pela catarse do drama.
Amor por Direito (Freeheld, 2016 / EUA)
Direção: Peter Sollett
Roteiro: Ron Nyswaner
Com: Julianne Moore, Ellen Page, Steve Carell, Michael Shannon
Duração: 103 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Amor por Direito
2016-05-04T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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