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Vera Egito
Amores Urbanos
Amores Urbanos
Em seu primeiro longametragem, Vera Egito continua focando no universo feminino retratado em seus curtas, vídeo-clipes e até filmes publicitários. Não deixa de ser uma instigante marca autoral, mas, na verdade, Amores Urbanos vai além e busca construir um retrato de toda uma geração.
A trama se concentra em três amigos, Diego, Júlia e Micaela, interpretados respectivamente pelo cantor Thiago Pethit, Maria Laura Nogueira e Renata Gaspar. Todos, de alguma maneira estão com problemas existenciais. Diego é DJ e não tem limites, apesar de estar em um relacionamento sério, não consegue se prender, tem outros relacionamentos e vive chegando bêbado em casa. Micaela aparentemente é equilibrada, mas sofre com a namorada que não consegue assumir a relação para os familiares e amigos. Já Júlia não consegue se encontrar na profissão, assim como parece estar escolhendo sempre o homem errado.
Apesar de tocar em temas difíceis e trazer cenas fortes, como uma específica de Diego, o filme possui uma aura leve. É gostoso de acompanhar e traz um tom verossímil. É como se estivéssemos ali, dividindo aqueles dois apartamentos com os três amigos em suas brigas e seus momentos de compartilhar as vidas, seja se embriagando ou pulando o muro para apoiar o outro.
Esta é a maior qualidade do filme. Parecer próximo a nós e tratar suas personagens com respeito. Há clichês e há estereótipos, mas mesmo eles são bem trabalhados diante da realidade vivida. Tudo se torna verossímil e nos ajuda a embarcar no dia a dia daquelas pessoas, nos emocionar e divertir com elas.
Júlia é a típica protagonista de um drama moderno, onde tudo parece dar errado para a personagem, mas há também sempre uma esperança em sua vida. Aliás, a grande solução para a vida de Júlia está em sua frente o tempo todo. Não deixa de ser impressionante que nem ela nem ninguém consiga enxergar logo. Sua insegurança e sua insistência em não expressar as dores que lhe vêm à alma, acabam tornando-a aquela que existe dentro de todos nós. Pois, ninguém gosta de expor suas fraquezas e ouvir verdades, mesmo de pessoas que nos amam. É sempre incômodo admitir um fracasso.
Há um clima intimista também na direção, aparentemente sem lógica, como se a câmera simplesmente buscasse se infiltrar ali, buscando ângulos a cada mudança de espaço. Ainda que a princípio pareça caótico, funciona com a realidade das personagens e suas buscas por equilíbrio. A trilha sonora também reflete muito essa geração que cresceu com o vídeo clipe e as baladas, mas hoje parece querer um violão e um grupo de amigos mais íntimos. Ou seja, são do mundo, mas querem se sentir pertencendo a algo.
Amores Urbanos é essa mistura sem sentido, mas que no fundo faz todo o sentido. Vários filmes dentro de um, com conflitos também diversos, mas sempre o mesmo desejo, encontrar o seu lugar no mundo e ser feliz. Mesmo que seja uma felicidade ilusória e provisória. Como disse, um retrato de uma geração.
Amores Urbanos (Amores Urbanos, 2016 / Brasil)
Direção: Vera Egito
Roteiro: Vera Egito
Com: Thiago Pethit, Maria Laura Nogueira, Renata Gaspar
Duração: 96 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Amores Urbanos
2016-05-28T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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