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O Caso dos Irmãos Naves
O Caso dos Irmãos Naves
Um dos maiores erros jurídicos da história, assim ficou conhecido o caso dos irmãos Naves, de Araguari (interior de Minas Gerais). O filme dirigido por Luís Sérgio Person tem uma certa estrutura datada, mas ainda consegue impressionar em algumas cenas, e, principalmente, ao expor o caso retratado.
Na década de 40, dois irmãos foram presos acusados de matar o primo e sócio, Benedito, que havia sumido. Ambos passam por intensas sessões de tortura, assim como sua mãe e esposas até que resolvem fazer a falsa confissão por não aguentar os maus tratos, mas nem o corpo, nem o dinheiro que o primo carregava foram encontrados, até porque Benedito estava vivo e escondido longe dali.
O roteiro de Jean-Claude Bernadete em parceria com o diretor Person, não nos dá o direito à dúvida. Na primeira cena, já vemos Benedito pegando o trem e fugindo de Araguari com a narração em voz over explicando o caso. A narração é incômoda e desnecessária em diversos momentos, mas a escolha de mostrar o paradeiro de Benedito logo de início acaba conduzindo a nossa imersão na obra.
Por sabermos que os Naves são inocentes a condução do caso pelo Tenente, assim como toda a trama de tortura ganham um peso maior. Nos faz sentir a dor da injustiça. Assim como nos incomoda a voz dos moradores locais que acreditam nisso. Nem Sebastião nem Joaquim suportam as dores que passam, parece que o que mais desejam é o fim de tudo aquilo.
Se pensarmos que esse filme foi lançado em 1967 em plena ditadura militar, isso ganha ainda mais força. Afinal, retrata a ditadura Vargas e a tortura nos deixando um posicionamento crítico contra a isso, o que traz um paralelo com o que o público vivia na época.
Boa parte do filme se sustenta nessa força da trama e no fato de não estarmos ali julgando os irmãos, mas sendo testemunhas de uma enorme injustiça. O outro fato positivo são as atuações de John Herbert, Juca de Oliveira e Raul Cortez. Anselmo Duarte também consegue colocar medo como o enlouquecido tenente.
A direção, no entanto, oscila entre bons momentos e outros nem tanto. Além da narração em voz over que incomoda, há cenas que trazem um tom artificial, nos tirando da narrativa, seja pelo exagero do tom de alguns atores ou pela própria técnica com poucos recursos. Já as cenas de tortura, conseguem ser bem desenvolvidas com uma montagem rápida e alguns efeitos que dão uma distorção na imagem, atingindo um bom resultado.
Mas, o que fica mesmo da obra é o caso em si discutido em muitos cursos de Direito. Estávamos em plena ditadura Vargas, é verdade, mas a forma arbitrária com que o Tenente resolveu acreditar que os dois irmãos que deram queixa do sumiço do primo, eram, na verdade, seus algozes sem ter nenhuma prova ou mesmo indício mais forte como um corpo ou o dinheiro que sumiu, é mesmo absurda.
Adaptado do livro do advogado João Alamy Filho, O Caso dos irmãos Naves merecia um remake para não se perder em meio à história. Não que o original seja ruim, como disse, tem bons momentos, mas sua linguagem tem características datadas que mereciam uma revisão. De qualquer maneira, é um filme histórico que merece ser também conhecido e divulgado.
O Caso dos Irmãos Naves (O Caso dos irmãos Naves, 1967 / Brasil)
Direção: Luís Sérgio Person
Roteiro: Luís Sérgio Person e Jean-Claude Bernadete
Com: Anselmo Duarte, John Herbert, Juca de Oliveira, Raul Cortez, Lélia Abramo
Duração: 90 min.
Na década de 40, dois irmãos foram presos acusados de matar o primo e sócio, Benedito, que havia sumido. Ambos passam por intensas sessões de tortura, assim como sua mãe e esposas até que resolvem fazer a falsa confissão por não aguentar os maus tratos, mas nem o corpo, nem o dinheiro que o primo carregava foram encontrados, até porque Benedito estava vivo e escondido longe dali.
O roteiro de Jean-Claude Bernadete em parceria com o diretor Person, não nos dá o direito à dúvida. Na primeira cena, já vemos Benedito pegando o trem e fugindo de Araguari com a narração em voz over explicando o caso. A narração é incômoda e desnecessária em diversos momentos, mas a escolha de mostrar o paradeiro de Benedito logo de início acaba conduzindo a nossa imersão na obra.
Por sabermos que os Naves são inocentes a condução do caso pelo Tenente, assim como toda a trama de tortura ganham um peso maior. Nos faz sentir a dor da injustiça. Assim como nos incomoda a voz dos moradores locais que acreditam nisso. Nem Sebastião nem Joaquim suportam as dores que passam, parece que o que mais desejam é o fim de tudo aquilo.
Se pensarmos que esse filme foi lançado em 1967 em plena ditadura militar, isso ganha ainda mais força. Afinal, retrata a ditadura Vargas e a tortura nos deixando um posicionamento crítico contra a isso, o que traz um paralelo com o que o público vivia na época.
Boa parte do filme se sustenta nessa força da trama e no fato de não estarmos ali julgando os irmãos, mas sendo testemunhas de uma enorme injustiça. O outro fato positivo são as atuações de John Herbert, Juca de Oliveira e Raul Cortez. Anselmo Duarte também consegue colocar medo como o enlouquecido tenente.
A direção, no entanto, oscila entre bons momentos e outros nem tanto. Além da narração em voz over que incomoda, há cenas que trazem um tom artificial, nos tirando da narrativa, seja pelo exagero do tom de alguns atores ou pela própria técnica com poucos recursos. Já as cenas de tortura, conseguem ser bem desenvolvidas com uma montagem rápida e alguns efeitos que dão uma distorção na imagem, atingindo um bom resultado.
Mas, o que fica mesmo da obra é o caso em si discutido em muitos cursos de Direito. Estávamos em plena ditadura Vargas, é verdade, mas a forma arbitrária com que o Tenente resolveu acreditar que os dois irmãos que deram queixa do sumiço do primo, eram, na verdade, seus algozes sem ter nenhuma prova ou mesmo indício mais forte como um corpo ou o dinheiro que sumiu, é mesmo absurda.
Adaptado do livro do advogado João Alamy Filho, O Caso dos irmãos Naves merecia um remake para não se perder em meio à história. Não que o original seja ruim, como disse, tem bons momentos, mas sua linguagem tem características datadas que mereciam uma revisão. De qualquer maneira, é um filme histórico que merece ser também conhecido e divulgado.
O Caso dos Irmãos Naves (O Caso dos irmãos Naves, 1967 / Brasil)
Direção: Luís Sérgio Person
Roteiro: Luís Sérgio Person e Jean-Claude Bernadete
Com: Anselmo Duarte, John Herbert, Juca de Oliveira, Raul Cortez, Lélia Abramo
Duração: 90 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Caso dos Irmãos Naves
2016-05-16T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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