
Apesar da trama já ser bastante conhecida e alguns eventos serem supostos facilmente diante da proposta da obra, devo alertar que tive que contar alguns eventos que podem ser considerados spoilers. Caso não tenha assistido ao filme e queira ser surpreendido de alguma forma por ele, melhor voltar depois. Ficaria complicado analisar o filme sem tocar nesses pontos de virada.

O filme possui três momentos bem marcados que são ditados pela própria trajetória e transformação de Clavius. O processo de morte e ressurreição de Jesus. A busca por seu corpo. E, por fim, a perseguição aos discípulos e ao próprio tribuno com eles. Isso acaba marcando o ritmo do filme que se diferencia bastante nesses três momentos.

Porém, é interessante indicar que mesmo aqui, há indícios da transformação, já que ao ver o Cristo na cruz, algo mexe em Clavius, que é indicado para nós com um efeito que pode soar tolo, principalmente pela música, zoom e repetição de imagem. Tanto que ele não deixa que quebrem suas pernas, mandando o soldado utilizar a lança para terminar o serviço.

Por último, temos a parte em que Clavius vê Yeshua sendo tocado por sua imagem e se tornando, de certa maneira, seu seguidor. Aqui, a perseguição dos romanos ao grupo se torna cansativa e também trazem momentos pouco inspirados. A própria maneira como Clavius tem um protagonismo em muitas cenas é estranho, afinal, ele é o aprendiz mais novo ali.
De qualquer maneira, o filme consegue cumprir o seu papel a contento. Mesmo assumindo a mensagem religiosa e a doutrinação, principalmente na parte final, consegue contar uma história e envolver o público. Chama a atenção também a caracterização de Jesus com feições mouras ao contrário do loiro de olhos azuis de outros tempos. Um filme sem grandes destaques, mas que consegue ser conduzido de maneira honesta.
Ressurreição (Risen, 2016)
Direção: Kevin Reynolds
Roteiro: Kevin Reynolds, Paul Aiello
Com: Joseph Fiennes, Tom Felton, Peter Firth, Cliff Curtis, Maria Botto
Duração: 107 min.