
Questões familiares, velhice, morte, doença. Encontros e desencontros da vida são os temas de A Viagem de Meu Pai, essa comédia dramática de Philippe Le Guay, de obras mais doces como Pedalando com Molière e As Mulheres do Sexto Andar.
A trama gira em torno de Claude Lherminier, um senhor de 81 anos que está se tornando senil. Grosseiro e com língua afiada, não aceita a ajuda das cuidadeiras que sua filha Carole contrata. Faz cenas, fingindo que cai e que roubaram seu relógio. E sonha com a visita de sua filha Alice que mora em Miami. Talvez por isso, só aceite tomar, no café da manhã, suco de laranja da Flórida.

O filme, então, vai nos dando momentos com esse senhor engraçado e ao mesmo tempo digno de piedade. E que dá raiva em muitos momentos, principalmente pela forma como trata a filha Carole que tenta a todo custo dar-lhe bons momentos. Ela, inclusive, assume a fábrica de papel que ele comandava e da qual saiu um dia sem maiores explicações.

Ainda que não aprofunde o tema, nem mesmo busque construir melhor o arco dramático, o filme nos envolve pelas boas atuações e pelas situações construídas de maneira engraçada e emotiva ao mesmo tempo. Claude é daqueles seres irritantes que adoramos nos irritar. Mas, o filme acaba mascarando muitas situações sérias com essa forma cômica de construir seu protagonista.
No final, A Viagem de Meu Pai é um filme instigante. Não parece ter grandes pretensões ou mesmo querer tratar os temas que levanta de maneira muito séria. Apenas apresentar uma história divertida que também nos faz pensar.
Visto no Festival Varilux de Cinema Francês 2016.
A Viagem de Meu Pai (Floride, 2015 / França)
Direção: Philippe Le Guay
Roteiro: Philippe Le Guay
Com: Jean Rochefort, Sandrine Kiberlain, Laurent Lucas
Duração: 110 min.