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Mais Forte Que o Mundo

Mais Forte Que o Mundo - filme

Vir de baixo, superar desafios e vencer na vida, esse é o roteiro da maioria dos lutadores profissionais, seja na vida real ou no cinema. Temos grandes sucessos no gênero, mas filmar uma história real não é simples. O problema é quando você tenta inventar demais. Ainda assim, Mais Forte Que o Mundo é um filme com muitas qualidades que tem tudo para fazer sucesso.

A obra conta a jornada de José Aldo, um jovem lutador de Manaus que se tornou o primeiro campeão peso-pena do UFC. Como muitos, ele veio de uma família pobre. Tinha problemas emocionais com o pai que bebia muito e batia na mãe. Sai do Amazonas e vai para o Rio de Janeiro onde demora a conseguir uma oportunidade. E luta a vida inteira para ser um vencedor, metaforicamente e literalmente.

Mais Forte Que o Mundo - filmeO grande problema do roteiro de Afonso Poyart, com ajuda de Marcelo Aleixo Machado, é querer ir além disso, criando um drama psicológico para ilustrar os demônios internos do protagonista em uma estratégia que soa estranho na maioria das vezes, pois não é aprofundada. É quase uma alegoria tola para imitar um certo filme famoso. Não explico mais para não dar spoilers.

Ainda assim, esquecendo esses momentos, há uma boa história ali. A estrutura da curva dramática é aristotélica clássica, dialogando com os filmes norte-americanos do gênero, tem até uma piada comparativa com Karatê Kid. E isso funciona, independente dos tropeços e dessa curva psicológica que pontua a trama.

O duelo pai e filho, ainda que pudesse ser melhor explorado, também é funcional. Principalmente com a história da cobra e do boi, que traz pista e consequência. E nas frases de efeito do pai, como "a vida é aprender a cair". A imagem do pai que lhe apoia e dá força, com a sombra do bêbado violento que ele não quer se tornar é um ingrediente instigante. O resto da família, principalmente a mãe, no entanto, acaba sendo pouco explorado.

Mais Forte Que o Mundo - filmeA direção de Poyart continua inventiva, com muita estrutura plástica, direção de arte e fotografia caprichadas, além de uma boa montagem. As cenas de luta são bem orquestradas, empolgando em diversos momentos. Há uma boa variação de planos e lentes, como um efeito de imagem fantasma, para demonstrar o estado de atordoamento do lutador durante o combate. Assim como as câmeras lentas que constroem a sensação de emoção da cena.

As atuações, no entanto, variam muito. Temos ótimas performances como de Jackson Antunes. Mas temos também outras que acabam comprometendo como Rômulo Arantes Neto. O próprio José Loreto não chega a comprometer, mas fica aquém da carga emocional do protagonista. Os demais cumprem papéis e são pouco exigidos, como Milhem Cortaz, que é ótimo ator, ou Claudia Ohana, que possui uma personagem com grande carga, mas é pouco trabalhada. Destaque ainda para a participação especial de Paulo Zulu, que surpreende com bom desempenho após atuações sofríveis na televisão.

Independente dos problemas, no entanto, Mais Forte Que o Mundo é um filme que funciona. Bem orquestrado, com uma curva dramática bem delineada e ótimas cenas de combate. Poderia ser melhor, principalmente na tentativa de construir o drama psicológico do protagonista. Ainda assim, é possível sair satisfeito do cinema.


Mais Forte Que o Mundo - A História de José Aldo (2016 / Brasil)
Direção: Afonso Poyart
Roteiro: Afonso Poyart, Marcelo Aleixo Machado
Com: José Loreto, Cleo Pires, Milhem Cortaz, Claudia Ohana, Jackson Antunes, Paloma Bernardi, Rômulo Arantes Neto
Duração: 104 min.

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