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Uma Loucura de Mulher
Uma Loucura de Mulher
Há um certo "ranço" quanto a comédias populares. Foi assim com as Chanchadas da Atlântida, foi assim com Os Trapalhões, é assim com as comédias atuais, principalmente da Globo Filmes. Tento fugir ao estereótipo, analisando os filmes pelo que eles se propõem, mas, às vezes, é complicado encontrar argumentos.
É o caso de Uma Loucura de Mulher, primeiro longametragem de Marcus Ligocki Jr. estrelado por Mariana Ximenes. E que antes que alguém reclame, não é da Globo Filmes. A obra tem uma estrutura irregular que flerta com uma comédia ingênua ao mesmo tempo em que apela para o pastelão e solta alguns clichês que beiram ao absurdo.
O mote é um assédio sexual que resulta em um tapa da mulher de um deputado candidato ao governo em um senador influente. O deputado, vivido por Bruno Garcia, em vez de ficar ao lado de sua esposa, Mariana Ximenes, defende o senador (em participação especial de Luís Carlos Miele, falecido ano passado) e declara em rede nacional que ela sofre de problemas mentais e que irá interná-la em uma clínica de recuperação.
Apesar de absurdo, isso poderia gerar algumas situações interessantes, inclusive aprofundando os bastidores da política brasileira e até mesmo das clínicas psiquiátricas, ou mesmo falar um pouco mais sobre a situação das mulheres. Mas, o roteiro escrito a três, usa isso apenas como desculpa para a velha fórmula de busca por si mesma, com direito a retorno de amor de infância.Isso porque Lucia, a mulher difamada, foge para o Rio de Janeiro e tenta recomeçar, repensando tudo que abriu mão nos quinze anos em que ficou casada.
O filme, então, gira em torno desse prédio popular, com direito a um desbocado porteiro, interpretado pelo sempre engraçado Zéu Britto e a uma vizinha bisbilhoteira vivida pela talentosa Guida Vianna. Quando os dois estão em cena, a comédia melhora, já que ambos exploram ao máximo as personagens que lhe foram dadas, criando situações e gags divertidas.
O ritmo da trama, no entanto, é bem irregular, nos apresentando momentos divertidos, como as conversas na portaria, ao mesmo tempo em que traz situações muito mal executadas e sem sentido, como um flash back que o senso comum chamaria de "vergonha alheia", diante do absurdo da situação. E que ainda faz eco com um momento adiante. Isso sem falar em uma certa perseguição de carro que nada deve aos desenhos de Scooby Doo.
Mariana Ximenes até tenta, e a atriz já demonstrou ser capaz de muito mais, mas sua Lucia está completamente perdida em cena. Alguns dirão que é o perfil da personagem, mas é mais do que isso. Falta timing em muitos momentos e alguns diálogos soam artificiais. Falta empatia também.
Apesar de tudo, Uma Loucura de Mulher não é das piores coisas que já vimos em tela. Vários besteiróis americanos, por exemplo, conseguem ser muito piores. E mesmo entre as comédias brasileiras já vimos inferiores. Mas, não dá para dizer que este seja o melhor caminho para as nossas comédias. Principalmente com esse elenco. É possível ir muito além. Infelizmente, aqui não funcionou.
Uma Loucura de Mulher (Uma Loucura de Mulher, 2016 / Brasil)
Direção: Marcus Ligocki Jr.
Roteiro: Kirsten Carthew, Marcus Ligocki, Angélica Lopes
Com: Mariana Ximenes, Bruno Garcia, Guida Vianna, Miá Mello, Sergio Guizé, Zéu Britto, Luís Carlos Miele, Ildi Silva, Augusto Madeira
Duração: 92 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Uma Loucura de Mulher
2016-06-07T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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