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Porta dos Fundos: Contrato Vitalício
Porta dos Fundos: Contrato Vitalício
Sucesso na internet, o grupo Porta dos Fundos começou a experimentar outros formatos com as webséries Viral e Refém. Veio o contrato com a Fox, que a princípio eram as mesmas esquetes transportadas para a televisão, mas recentemente a série O Grande Gonzalez demonstrou que eles tinham fôlego para um arco maior. Um longa-metragem parecia, então, um caminho possível, principalmente porque as comédias são o carro chefe das bilheterias nacionais.
Contrato Vitalício é um filme de comédia. Mas, uma comédia no estilo do grupo, com sátiras e críticas inteligentes que brinca com todas as situações possíveis da sociedade atual, inclusive com eles mesmos. Impossível não compará-los ao grupo inglês Monty Python, que no cinema realizou obras brilhantes como A Vida de Brian e Em Busca do Cálice Sagrado. O primeiro filme do Porta dos Fundos não chega a tanto, mas é uma obra competente com ótimos momentos, longe de ser uma coleção de esquetes como alguns temiam.
Tudo gira em torno de Miguel e Rodrigo, vividos por Gregório Duvivier e Fábio Porchat respectivamente. O primeiro é um diretor inciante que ganhou uma Palma de Ouro em Cannes, mas logo depois sumiu. O segundo é o ator do filme que continuou a carreira e se tornou famoso em todo o país. O problema é que, na noite da premiação francesa, eles assinaram um contrato vitalício que dizia que todos os filmes de Miguel teriam Rodrigo no elenco. Dez anos depois, Miguel retorna dizendo ter sido abduzido por alienígenas no centro da Terra e quer filmar isso.
Rodrigo é um ator bem sucedido, mas também frustrado. Queria fazer teatro, mergulhar na arte de interpretar, mas seu empresário acha perda de tempo. Seus filmes são sempre genéricos de algo já visto, além de ser garoto propaganda de um comercial bobo. Embarcar na loucura de Miguel é a última coisa que ele queria, mas vê-se obrigado à jornada, passando boa parte do filme reagindo a isso.
A grande ironia do roteiro talvez seja o fato de Miguel ter ficado esses dez anos sumido, retornar sendo tachado pelo amigo de louco, mas acabar sendo a voz da razão em um mundo totalmente ensandecido que ele encontra. Pessoas grudadas em celulares, vivendo como web-celebridades, mídia cada vez mais invasiva, obras de arte sem sentido. Vivemos em uma época superficial, onde o que vale é o "like" e não o produto em si.
E dessa forma, Fábio Porchat e Gabriel Esteves brincam com todo tipo de referência possível. Tem inclusive referências a esquetes do grupo. Mas, uma das melhores brincadeiras é mesmo ao filme Cinderela Baiana. E só dou esse pequeno spoiler no texto porque corre o risco da maioria da plateia não entender a referência. Pelo menos na sessão que fui, só eu e Ari rimos, e olha que estamos em Salvador. Então, por favor, conheçam esse "clássico" baiano.
Apesar de um bom ritmo e uma produção competente, percebe-se no entanto que a direção de Ian Sbf parece não querer ir muito além do que já vemos na internet. Sempre com planos muito fechados, até mesmo os letterings são em fonte maior do que o normal. O que nos deixa em dúvida se o grupo pretende disponibilizar o filme no próprio canal no futuro. Afinal, o diretor já demonstrou em Entre Abelhas que conhece a linguagem cinematográfica e é capaz de ir além.
De qualquer maneira, o filme cumpre a sua função. Diverte, faz sátiras e conta uma história louca, mas com coerência interna. Contrato Vitalício demonstra que o Porta dos Fundos ainda tem fôlego para experimentar e nos surpreender com boas obras em formatos diversos. Vamos aguardar para ver os caminhos possíveis a partir daqui.
Porta dos Fundos: Contrato Vitalício (2016 / Brasil)
Direção: Ian Sbf
Roteiro: Fábio Porchat, Gabriel Esteves
Com: Fábio Porchat, Gregório Duvivier, Luis Lobianco, Thati Lopes, Júlia Rabello, Antônio Tabet, João Vicente de Castro, Marcos Veras, Gabriel Totoro
Duração: 100 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Porta dos Fundos: Contrato Vitalício
2016-07-02T15:15:00-03:00
Amanda Aouad
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