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Um Dia Perfeito
Um Dia Perfeito
Aplaudido por dez minutos no último Festival de Cannes, Um Dia Perfeito é uma comédia irônica que parte do banal, mas nos traz uma trajetória envolvente, divertida e que também ajuda a pensar. É na construção de suas personagens e relação entre elas que está a maior graça da obra.
Retirar um corpo de dentro do único poço acessível da cidade. Esta é a missão de um grupo de humanitaristas na região dos Bálcãs em plena guerra. Mas, o que parecia uma tarefa relativamente simples, se torna uma saga hercúlea. Em uma trajetória tragicômica, Mambrú, B, a jovem idealista Sophie e o tradutor Damir, unidos posteriormente à especialista de guerra Katya irão cruzar as estradas na tentativa de cumprir a "missão".
O roteiro parte do quase nada e vai se desenrolando em peripécias como corda que quebra, tratados de paz, busca por outra corda, minas no caminho da estrada, garoto perdido, entre outras questões. Fernando León de Aranoa é competente na maneira como vai desenrolando as situações sem pressa, valorizando as imagens com estrada de terra batida, sol forte e contraste de paisagens. Nada parece por acaso ali, nem mesmo uma senhora com suas vacas atravessando um pasto.
Mas, o filme se sustenta mesmo pelas personagens. Mambrú, vivido por Benicio Del Toro, é o protagonista, ponto de vista da jornada, sempre calado, mas atento, demonstra ter bom coração na maior parte do tempo, ainda que tenha uma situação não resolvida com Katya. Já B., vivido por Tim Robbins, é o protótipo do machista. Rabugento, falastrão, capaz de proferir absurdos, mas é também o estereótipo do veterano de guerra, sempre neurótico com a possibilidade de minas. Sophie, vivida por Mélanie Thierry, é a idealista. Sanitarista preocupada, é quem mais deseja salvar a água do poço para não prejudicar a população. Destemida, não tem medo de confrontar mesmo ordens superiores. Já o tradutor Damir, Fedja Stukan, está sempre disposto a ajudar.
O grupo parece funcionar bem entre si, um complementando e cuidando do outro. A chegada de Katya, personagem de Olga Kurylenko, de certa forma traz outros conflitos para o grupo. Designada para avaliar e suspender a missão local, ela acaba batendo de frente com o desejo de todos. Ainda tem uma questão mal resolvida com Mambrú no passado, o que a torna, ao olhar do protagonista e da maioria, a intrusa chata.
Ainda que seja uma comédia com momentos nonsense e muita ironia, o filme não se furta, no entanto, a momentos de reflexão e até mesmo de emoção. Destaque para uma casa em especial onde eles entram em busca de corda e os acontecimentos em torno disso. Ainda que não aprofunde os conflitos da guerra e as consequências para a população, as questões estão lá, expostas, em detalhes como a situação na venda ou mesmo a já citada senhora das vacas.
No final, Um Dia Perfeito, irônico até no título, é um filme bem conduzido, divertido e com ótimos momentos.
Um Dia Perfeito (A Perfect Day, 2016 / EUA)
Direção: Fernando León de Aranoa
Roteiro: Fernando León de Aranoa
Com: Benicio Del Toro, Tim Robbins, Olga Kurylenko, Mélanie Thierry, Fedja Stukan
Duração: 106 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Um Dia Perfeito
2016-07-27T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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