
As doenças mentais assustam e intrigam o homem e a ciência há séculos. Por mais remédios e teorias que tenhamos, é difícil compreender tudo que passa na inconstante mente humana. Com muita sensibilidade, Fernanda Fontes Varielle aponta sua câmera para os internos do Hospital Psiquiátrico Juliano Moreira, em Salvador, e constrói um filme intenso.
A Loucura Entre Nós não quer construir teses, nem mesmo dar respostas a quaisquer questões, tanto que não entrevista médicos, nem assistentes sociais. O documentário quer apenas dar voz a esses pacientes e mostrar que por trás do estigma de "loucos", existem pessoas ali que não são necessariamente perigosas, mas trabalhadores, artistas, mães, seres humanos que são tudo isso ao mesmo tempo e algo mais.


Destaca-se também as trajetórias opostas de duas das pacientes, que acabam se tornando foco principal do roteiro do documentário e nossas guias naquele mundo. Elizangela e Leonor começam brigando por um pequeno jardim e aos poucos vamos vendo a melhora de uma e a piora de outra, reforçando a questão cíclica da doença e os diversos aspectos incluindo família e medicações.
Mas, mais do que isso, vemos suas almas por trás do estigma da doença e nos dói, sofrendo junto com elas aqueles desencontros de vida que ficam em aberto. E quando o mar se abre em tela em revelações chocantes, não podemos deixar de lembrar daquelas espadas arrancadas e replantadas no pequeno jardim do hospital. Como disse, um filme intenso.
A Loucura Entre Nós (A Loucura Entre Nós, 2016 / Brasil
Direção: Fernanda Fontes Vareille
Roteiro: Fernanda Fontes Vareille
Duração: 76 min.