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Um Amor à Altura
Um Amor à Altura
O preconceito é algo cada vez mais combatido. Preconceito de raça, preconceito de gênero. Mas, acho que raramente param para pensar no preconceito em relação à altura. O que você faria se visse um homem de 1,36 m ? E se você se apaixonasse por ele, teria preconceito em manter a relação?
Esse é o dilema de Diane, personagem de Virginie Efira. Uma advogada separada, mas que ainda é sócia do ex-marido e que, ao perder o celular, acaba conhecendo Alexandre. Um homem pequeno, mas um arquiteto bem sucedido, inteligente e agradável. Sua altura, no entanto, a incomoda profundamente, fazendo-a ficar desconfortável diante da possibilidade de assumir um relacionamento com ele.
Premissa inusitada, é verdade. Até porque Alexandre não é um homem com nanismo tradicional. Ele proporcionalmente parece um homem comum, só que pequeno. O ator Jean Dujardin é diminuído por computação gráfica em algumas cenas, em outras, Laurent Tirard usa apenas de perspectiva para fazê-lo parecer menor. É interessante que em alguns momentos quando Diane está sentada e o plano está próximo, os dois parecem proporcionais.
Muito do preconceito de Diane, sua mãe e boa parte das situações do filmes partem, na verdade, do machismo. A própria Diane verbaliza isso que "toda menina sonha em encontrar um príncipe encantado alto e forte para carregá-la nos braços". Uma mulher baixa é aceitável, um homem baixo é motivo de piada, porque o homem precisa passar segurança.
Há muitas piadas que colocam Alexandre como incapaz por causa de sua altura. Inclusive durante o trabalho quando ele fala de um empreendimento grande e tem que subir na mesa para uma das pessoas parar de rir da situação. É como a altura define também a capacidade do homem que está ali e o tornasse menos por isso.
Mas, o filme não chega a aprofundar essas questões nem querer discutir a sério o tema. Adaptação francesa do argentino Coração de Leão - Amor não tem Tamanho, Um Amor à Altura é uma comédia romântica leve, sem maiores compromissos. Faz piada das mesmas questões que levanta e propõe discutir. Mas, ainda assim, traz reflexões. A relação de Alexandre com o filho, por exemplo, é muito bonita e traz cenas emocionantes.
Jean Dujardin está muito bem como Alexandre. Ele consegue passar nas expressões suas emoções dúbias. Como quando conversa a sério com Diane pela primeira vez sobre o "problema". Ou momentos mais sutis como quando eles estão no cinema. A maneira como ele muda de expressão ao olhá-la, é muito boa.
A direção de Laurent Tirard também traz bons momentos, ainda que não consiga o mesmo timming de O Pequeno Nicolau. Ainda assim, ele consegue dosar momentos cômicos de outros mais reflexivos, fazendo de Um Amor à Altura uma agradável viagem.
Um Amor à Altura (Un homme à la hauteur, 2016 / França)
Direção: Laurent Tirard
Roteiro: Laurent Tirard
Com: Jean Dujardin, Virginie Efira, Cédric Kahn
Duração: 98 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Um Amor à Altura
2016-08-06T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
Cédric Kahn|cinema europeu|comedia|critica|Jean Dujardin|Laurent Tirard|romance|Virginie Efira|
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