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Bruxa de Blair
Bruxa de Blair
Em 1999, o projeto Bruxa de Blair mexeu com os cinemas. Não foi o primeiro filme a utilizar a técnica de simulação de um falso documentário, mas foi aquele que melhor sobre aproveitá-lo. Os atores ficaram escondidos e a campanha de marketing da obra mexeu com todos. Feito apenas com duas câmeras, uma de vídeo e outra de 16 mm, seu orçamento também foi baixíssimo e o lucro absurdo. Isso sem falar que a construção da narrativa e atmosfera do filme soava realista ao extremo, criando um efeito de suspense psicológico incrível.
Em 2000, a continuação já em formato tradicional, parecia enterrar uma possível franquia diante do fraco desempenho e qualidade. Mas eis que surge uma espécie de renascimento da obra. Uma mistura de remake com continuação que traz como protagonista James, o irmão da jovem Heather que mesmo dezessete anos depois, não perde a esperança de encontrar sua irmã com vida. Assim, ele se une a três amigos para investigar uma nova imagem que lhe foi enviada da suposta casa onde ela sumiu.
A premissa é a mesma, jovens com câmeras na floresta tentando desvendar o mistério da Bruxa de Blair. A tecnologia é que está um pouco mais sofisticada. Temos uma câmera DSLR, que é a câmera principal do documentário, como seria a 16mm no anterior. Quatro mini-câmeras que são acopladas na orelha de cada um dos personagens e têm GPS. Uma câmera de segurança e um drone. Além disso, temos uma filmadora DVCam que chega junto com um casal que irá ajudar os quatro levando-os ao local exato onde a outra fita foi encontrada.
Ou seja, ao contrário do anterior, temos aqui múltiplos pontos de vista e planos para não perder nenhum detalhe da aventura sombria. Só que, em vez de um plus positivo, isso acaba contando negativamente para o filme, pois temos uma confusão de imagens que não nos deixa perceber direito o que acontece e, com isso, entrar no clima, fazendo o efeito de tensão funcionar. Assim, em vez de um suspense psicológico crescente, temos uma profusão de sustos fáceis com pessoas surgindo na frente da câmera.
Em muitos momentos, o recurso de sacudir a câmera e deixar a imagem borrada nos deixa simplesmente confusos em vez de com medo. Uma das estratégias de construção de efeito do terror é não revelar tudo ao espectador, deixá-lo perdido em relação ao cenário e aos acontecimentos com muitos pontos cegos que ajudam a construir a tensão e insegurança diante do desconhecido. Mas, para que o efeito funcione, é preciso dar o mínimo de informação até para que ele entenda o grau do perigo. Aqui, ficamos tão perdidos que muitas vezes não compreendemos o porquê dos gritos e correria, criando o efeito contrário do medo, a racionalização e, por vezes, até o riso.
Muita coisa no filme não soa real, ao contrário do filme de 1999. Não mostrar seres que não parecem humanos era um dos recursos da obra que funcionou muito bem nesse processo. Aqui, apesar de não ser algo escancarado como no filme de 2000, há cenas que acabam deixando a trama um pouco menos crível. Principalmente na parte final. Isso sem falar em alguns momentos que recursos ruins forçam planos que não poderiam existir no formato de câmera em primeiro plano, como quando uma personagem "deixa cair" uma das câmeras em um ângulo exato que a possa gravar de frente.
Porém, o maior problema mesmo de Bruxa de Blair é não acrescentar nada ao original. Para não dizer que não acrescenta nada, tem um detalhe que poderia ser muito interessante se fosse melhor desenvolvido, mas que passa quase despercebido. No geral, a obra é apenas um remake com ideias requentadas e sem o frescor anterior. Tendo ainda como peso todo o desgaste que o formato já sofreu nesses anos diante dos falsos documentários lançados.
É uma pena que uma obra com tanto potencial que marcou a história do cinema e traz tantas boas lembranças tenha continuações tão aquém do seu potencial. Ainda que esse filme tente trazer de volta a atmosfera perdida no segundo filme, está muito longe daquilo que Daniel Myrick e Eduardo Sánchez conseguiram em 1999.
Bruxa de Blair (Blair Witch, 2016 / EUA)
Direção: Adam Wingard
Roteiro: Simon Barrett
Com: James Allen McCune, Callie Hernandez, Corbin Reid, Brandon Scott, Wes Robinson, Valorie Curry
Duração: 89 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Bruxa de Blair
2016-09-15T08:30:00-03:00
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