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Lembranças de um Amor Eterno
Lembranças de um Amor Eterno
Eternizado com o clássico Cinema Paradiso, Giuseppe Tornatore é um diretor de melodramas. Disso não temos dúvidas. E conseguiu belos exemplares do gênero como o já citado e outros como Estamos Todos Bem e A Lenda do Pianista do Mar. Porém, La Corrispondenza, que aqui no Brasil ganhou o título de Lembranças de um Amor Eterno consegue ser frio e meloso demais ao mesmo tempo, errando no tom do melodrama, ainda que tenha questões instigantes.
Misturar ciência e amor talvez seja um dos problemas do roteiro. Ao mesmo tempo em que ele quer dar um tom científico aos acontecimentos com muita discussão de astrofísica, mundos paralelos e estrelas mortas, ele quer nos contar uma arrebatadora história de amor. Mas, esse amor tão forte e belo fica secundário a quase um experimento de tentativa de prolongar a vida após a morte. E, por mais que acompanhemos o desenrolar, algo parece não se encaixar em tudo aquilo.
A começar pela protagonista Amy Ryan, interpretada por Olga Kurylenko. Uma estudante universitária que nas horas vagas é dublê de filmes de ação. Ou vice-versa já que não sabemos exatamente se ela se define como uma dublê que estuda, ou uma estudante que trabalha como dublê. O que sabemos é que ela é o amor do professor Edward Phoerum, interpretado por Jeremy Irons e que ele arma uma estrutura enorme para continuar se correspondendo com ela após a morte.
Esse não é um tema original, é verdade, filmes como P.S. Eu te amo já traziam esse prolongamento da vida após a morte. Mas Lembranças de um Amor Eterno tenta dar a isso um ar científico ao extremo, levando-se muito a sério, o que acaba tornando o filme artificial. A emoção de Amy e Ed muitas vezes é calculada ao extremo, os diálogos, os depoimentos, a forma como se comunicam, parece que estão defendendo uma tese a todo instante.
Isso não quer dizer que a gente não possa acreditar no amor dos dois e embarcar na trama, principalmente pela curiosidade do que vem em seguida. E acabamos nos surpreendendo com alguns bons momentos como o reflexo na água. E outros divertidos como uma troca de mensagens entre biblioteca e bar.
Ao mesmo tempo, a racionalização ao extremo da experiência vivida nos deixa com diversas perguntas de cunho emocional. Principalmente se é bom ou ruim esse prolongamento da vida para Amy que vive um luto que parece não ter fim, já que é complicado superar uma dor que está ali sendo reaberta a cada instante.
Para completar, Tornatore acha pouco todo drama vivido pelo casal e ainda insere alguns detalhes do passado da moça que tentam justificar algumas condutas e só fazem poluir ainda mais sua história, ajudando no excesso de sofrimento. Fora que parece não se encaixar com o tema principal da obra. Todo falado em inglês, o filme parece também perder a alma e nem a trilha de Ennio Morricone parece salvar o tom.
Lembranças de um Amor Eterno é confuso como o título em português. Afinal, o que é eterno não é uma lembrança, já que continua presente. O que acaba sendo uma lembrança é mesmo o talento de Giuseppe Tornatore que torço para que ainda nos surpreenda novamente com uma grande obra e não com essas emoções genéricas.
Lembranças de um Amor Eterno (La Corrispondenza, 2016 / Itália)
Direção: Giuseppe Tornatore
Roteiro: Giuseppe Tornatore
Com: Jeremy Irons, Olga Kurylenko, Simon Johns
Duração: 116 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Lembranças de um Amor Eterno
2016-09-22T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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