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Francisca Manuel
Marília Rocha
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Paulo Nazareth
A Cidade Onde Envelheço
A Cidade Onde Envelheço
Grande vencedor do Festival de Brasília desse ano, A Cidade Onde Envelheço é uma obra sobre adaptação e inquietação ao mesmo tempo. Uma poesia que instiga e, talvez por isso, nos traga sensações também de angústia em alguns momentos de contemplação.
Teresa e Francisca são duas jovens portuguesas na cidade de Belo Horizonte, no Brasil. Francisca já vive lá há um ano, trabalha como garçonete e gosta de sua liberdade, tendo amigos, mas não se vinculando demais a ninguém. Só que Teresa acaba de chegar e fica em sua casa, criando alguns atritos pela mudança da rotina e necessidade de convivência diária.
A construção do roteiro, ainda que possua um plot clássico de "tudo estava bem até que...", não possui uma estrutura muito aristotélica. As cenas se sucedem umas às outras sem pressa e sem, necessariamente, ter um objetivo maior. Há muitos momentos de contemplação, de repetição de rotinas, de representação do dia a dia.
O filme se faz nos detalhes, nas pequenas cenas aparentemente despretensiosas que criam significados. Como, por exemplo, a cena em que as duas discutem o acabamento do banheiro de um apartamento que visitam. Toda a discussão sobre intenções, cuidados e comparações estão carregadas de significados "colônia e metrópole". Ainda assim, é extremamente divertida.
Há uma capacidade em Marília Rocha de criar situações engraçadas do nada, como na cena em que Teresa chega bêbada e encontra Neguinho no sofá. Os diálogos soam naturais, divertidos, envolventes. Nos tornamos próximos deles, como se estivéssemos ali partilhando aqueles momentos.
Há, no entanto, uma construção de personagens um pouco superficial. Teresa, por exemplo, não sabemos o que faz da vida, nem como se vira ali naquela cidade. Não sabemos muito como pensa, o que quer da vida. Ainda que Francisca tenha um pouco mais de sua personalidade exposta, também não é muito, tanto que as decisões que toma no final ficam também soltas.
De qualquer maneira, isso não invalida a bela experiência. Francisca e Teresa são como diversas pessoas que nos cercam. Temos apenas o superficial que nos apresentam. Pouco sabemos, de fato, de suas almas. Elas simplesmente passam por nós, deixam algo e levam algo.
A Cidade Onde Envelheço é poesia desde o próprio título da obra.
Filme Visto no XII Panorama Internacional Coisa de Cinema.
A Cidade Onde Envelheço (A Cidade Onde Envelheço, 2016 / Brasil)
Direção: Marília Rocha
Roteiro: Marília Rocha, João Dumans, Thais Fujinaga
Com: Elizabete Francisca Santos, Francisca Manuel, Paulo Nazareth
Duração: 99 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
A Cidade Onde Envelheço
2016-11-14T11:37:00-03:00
Amanda Aouad
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