Cinema Baiano com Força no Panorama
Esta semana começa o 12º Panorama Internacional Coisa de Cinema, idealizado pelo casal Cláudio Marques e Marília Hughes que se tornou o mais importante festival local e um dos grandes do Brasil. E, entre diversas atrações nacionais e internacionais com filmes inéditos e homenagens, chama a atenção o cenário promissor do cinema baiano.
Pela primeira vez, a competitiva nacional traz dois longas-metragens baianos. Um feito incrível para um estado que, há pouco tempo, lutava para lançar um longa por ano. Juntam-se a eles, oito longa-metragens da competitiva baiana e, ainda poderíamos incluir na lista outro longa de destaque da temporada, "A Cidade do Futuro", que só não está no Festival porque é produção dos realizadores do mesmo. Com isso temos um cenário inédito na Bahia de onze longa-metragens ao mesmo tempo.
Entre os curtas, força experimental e janela para muitos cineastas locais, temos os destaques de dois também competindo na nacional e outros dezoito na competitiva baiana. Nos dando boas perspectivas para o cenário audiovisual local que nos dão esperança de um fortalecimento da classe. E desculpem se pareço bairrista nesse momento, mas é mesmo algo a se comemorar.
Dos dois longas-metragens da competitiva nacional, pude conferir Um Casamento de Mônica Simões, documentário construído a partir de resquícios de um filme de casamento dos seus pais, mas que traz um retrato sensível de uma época e da jornalista Maria Moniz. Uma mulher à frente do seu tempo que acaba sendo muito bem-vinda em época de causas feministas. Já Jonas e o Circo Sem Lona de Paula Gomes, foi escolhido como Melhor Documentário no Festival Cinelatino 2016, realizado na França.
Entre os oito longas-metragens da Competitiva Baiana, não pude conferir ainda nenhum, mas destaco Ridículos, de Paula Lice, Rodrigo Luna e Ronei Jorge, autores do ótimo Jessy que retratou a busca de Paula Lice para realizar seu sonho de infância. O novo filme promete mais uma jornada de sonho de um dos seus realizadores, agora Rodrigo Luna como palhaço.
Outro filme que tem chamado atenção por onde passa é A Noite Escura da Alma, de Henrique Dantas. Diretor de ótimos documentários como Filhos de João e Sinais de Cinza, o diretor mergulha agora nos porões da ditadura militar apresentando um documentário que mistura performance e depoimentos e promete deixar muitos com nó na garganta.
Entre os curtas-metragens, temos como destaque os dois que estão na Competitiva Nacional. Não vi nenhum, mas ambos são de realizadores que gosto muito e já passearam por outros festivais. São eles, Interdito, de Leon Sampaio, e Ótimo Amarelo, de Marcus Curvelo. Já entre os dezoito selecionados da competitiva baiana, já pude conferir Astrogildo e a Astronave, de Edson Bastos que traz um resgate poético do inventor Astrogildo Andrade Santos de sua cidade natal, Ipiaú, no interior da Bahia. Outro que tive o prazer de conferir foi a animação Òrun Àiyé – A Criação do Mundo, de Jamile Coelho e Cintia Maria. Feita em stop motion, utiliza lendas de religiões africanas para falar sobre o surgimento do mundo. E não destaco outros para não ser injusta, mas vários estão na minha lista.
Por fim, destaco a exibição de SuperOutro, média metragem de Edgard Navarro que é uma espécie de ícone do cinema baiano dos anos 80. A obra integra o livro da Abraccine 100 Melhores Filmes Brasileiros e será tema do debate que participarei junto aos colegas Adalberto Meirelles e Rafael Carvalho na ocasião do lançamento do livro no Festival. Focaremos em uma análise baiana do livro, a partir de SuperOutro e “Meteorango Kid - Herói Intergalático”, de André Luiz Oliveira.
De qualquer forma, a sensação que fica nesses dias que precedem o Panorama é de que o cinema baiano está mais forte do que nunca. Reflexo de um cinema nacional cada vez mais atuante, de novos cursos e faculdades no estado e, claro, das novas tecnologias que facilitaram as produções. Mas não deixa de ser animador e com boas promessas futuras. Aguardemos.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Cinema Baiano com Força no Panorama
2016-11-07T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
cinema baiano|Festival|materias|panorama2016|
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