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O Vendedor de Sonhos
O Vendedor de Sonhos
Fazer um filme baseado em um livro de auto-ajuda é sempre um desafio complexo. Há sempre o risco das fórmulas e de cair no exagero. Independente disso, há uma mensagem em O Vendedor de Sonhos que vale o esforço. Uma espécie de alerta sobre vivermos em uma sociedade doente que está construíndo pessoas igualmente doentes. Pessoas que se matam de trabalhar em nome de uma realização vindoura, mas acabam negligenciando o que as fazem felizes em nome dessa jornada.
A trilogia escrita por Augusto Cury está, de certa forma, resumida no roteiro escrito por L.G. Bayão. Revelações sobre o passado do "mestre", por exemplo, que só estão no terceiro livro, já começam a ser lançadas no início do filme. Isso nos dá a ideia de que os produtores não tem a intenção de lançar continuações, o que não deixa de ser curioso.
Jayme Monjardim retorna aos cinemas e parece mais maduro que em seus filmes anteriores (Olga e O Tempo e o Vento), ainda que muito de sua decupagem nos pareça claustrofóbica. Há uma insistência do diretor em closes e planos detalhes acaba incomodando. Mas ele consegue também trazer sensações interessantes, como quando nos vemos junto com as personagens no parapeito do vigésimo primeiro andar de um prédio, chegando a nos dar vertigem.
No geral, o filme segue um bom ritmo. Acompanhamos o psicólogo Júlio César, que tenta se suicidar, e o misterioso mendigo, chamado de "mestre" por alguns, que o mostra uma nova perspectiva de vida. Mais do que isso, ele mexe com o próprio sistema empresarial com discursos bem articulados que fazem as pessoas pensarem. Seus vídeos se tornam sucesso na internet e incomoda alguns empresários.
Paralelo a isso, vamos acompanhando sua jornada no passado. Compreendendo aos poucos quem ele era e o que o levou a ser o que é hoje. Essa curva dramática é um pouco mais problemática. Principalmente quando envolve a família dele. Monjardim pesa a mão na manipulação de emoções, construindo câmeras lentas e detalhes dos olhos lagrimejados da criança em três momentos que dão um tom over desnecessário para uma história que, por si só, já era emocionante e impactante.
Um elemento que nos prende ao filme, além da mensagem passada, é o talento de César Troncoso, que faz o mestre, e de Dan Stulbach, que faz o psicólogo Júlio Cesar. Os dois atores conseguem segurar boas cenas de diálogos que poderiam também cair no piegas, mas conseguem manter um tom emocionante e reflexivo que nos leva a ponderar sobre nossa própria vida.
Há algumas questões no roteiro que poderiam ser melhor trabalhadas como a própria relação do mestre com o mendigo interpretado por Thiago Mendonça. Que por sinal em determinado momento deixa de chamá-lo de mestre e passa a chama-lo de "chefinho", para no final retornar ao antigo nome. E há também algumas incongruências na história das empresas Marlon e na perseguição ao mestre que quase termina em morte. Inclusive na atitude da personagem de Leonardo Medeiros na parte final.
De qualquer maneira, O Vendedor de Sonhos é um bom filme. Envolvente, emocionante, reflexivo. Cumpre o seu objetivo atingindo à plateia como uma boa mensagem de auto-ajuda precisa ser.
O Vendedor de Sonhos (O Vendedor de Sonhos, 2016/ Brasil)
Direção: Jayme Monjardim
Roteiro: L.G. Bayão
Com: César Troncoso, Dan Stulbach, Thiago Mendonça, Guilherme Prates, Dani Antunes, Leonardo Medeiros
Duração: 90 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Vendedor de Sonhos
2016-12-08T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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