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Rogue One: Uma História Star Wars
Rogue One: Uma História Star Wars
É difícil analisar Rogue One apenas pelo filme que Gareth Edwards nos apresenta. Afinal, ele faz parte de uma das maiores franquias do cinema de entretenimento que conhecemos. Mais do que isso, ele é uma parte de um universo que ultrapassou os cinemas e se tornou quase uma religião para legiões de fãs por todo o mundo. É, ainda, um filme que já sabemos o final, já que conta como a Aliança Rebelde conseguiu os planos da Estrela da Morte que vemos em Uma Nova Esperança.
Ainda assim, ironicamente, pela primeira vez desde o episódio IV (primeiro a ser lançado), entramos no cinema para algo novo. Não temos a continuação da saga da família Skywalker, não temos nem mesmo Jedi buscando o equilíbrio da força no universo. O único sabre de luz que vemos é o vermelho de Darth Vader e, mesmo ele, por pouco tempo. Ou seja, temos que ser reconquistados por uma história e por personagens que não ficamos, como no caso de Rey e Finn de O Despertar da Força, tentando entender sua origem e parentesco com personagens conhecidos.
Rogue One se torna, então, estranho, ainda que brinque com a sensação de familiaridade em diversas pequenas referências e na presença, ainda que secundária, de personagens já conhecidos. O núcleo que acompanhamos é todo novo, inclusive com o robô K-2SO que é de longe o que cria mais empatia até pela junção de personalidades e funções de C3PO, Chewbacca e R2D2. Jyn Erso, interpretada por Felicity Jones, e Cassian Andor, vivido por Diego Luna, acabam sendo os protagonistas mais frágeis que já vimos nesse universo.
A heroína da vez não nos convence completamente em sua personalidade, nem motivação. A própria relação com o pai fica ambígua e esse sentimento de sobrevivente não nos é passado com tanta verdade. Está longe da Rey, por exemplo, que tem até pontos semelhantes de personalidade, mas consegue ser melhor construída, criando mais empatia com o público. Já Cassian só funciona por nos mostrar que os rebeldes também podem ter missões pouco honradas e crises de consciência. Porque o grande valor do filme está nessa atmosfera tensa de uma verdadeira guerra que nunca sentimos de fato nos outros filmes pela presença quase mágica dos Jedi. De alguma maneira, a Força vai pender para um lado. Aqui não, ainda que tenhamos seguidores crentes dela, estamos vendo uma luta de seres humanos comuns, onde há uma sensação de vale tudo e não da honra da antiga ordem.
Apesar de conhecermos o final, o roteiro de Chris Weitz e Tony Gilroy consegue nos instigar e nos deixar tensos em diversos momentos da obra. Esse é outro feito positivo. A jornada é bem construída e com algumas surpresas não imaginadas quando ouvimos em Uma Nova Esperança a simpática Senadora contar sobre a missão que levou aquelas informações até eles. Isso não quer dizer que seja tudo perfeito. Ainda que o terceiro ato traga os melhores momentos da obra, temos alguns detalhes que acabam soando forçados, principalmente em relação a Cassian, mas não chega a prejudicar a fruição.
Agora, o que impressiona mesmo em Rogue One é a composição estética. Apesar de uma estrutura picotada inicial com muitos planetas apresentados de maneira didática, conseguimos sentir esse universo pulsar como nunca. Há uma ambiência, um clima que nos passa verdade, com mundos habitados e não apenas cenários estáticos para cumprir funções. Sentimos a vida de cada vida, em uma direção de arte para não se colocar defeito. A trilha sonora também é bem construída, ainda que seja o primeiro filme da série sem as músicas clássicas de John Williams. É estranho não ver após a famosa frase de "Há muito tempo atrás em uma galáxia muito muito distante" os famosos letreiros e os acordes conhecidos que indicam o início da aventura. Mas mesmo a quebra da expectativa funciona.
E não tem como negar, o terceiro ato é que nos ganha de fato ao trazer uma sucessão de batalhas muito bem orquestras no espaço ou em terra, injetando adrenalina e nos envolvendo até o clímax que é, talvez, uma das melhores cenas de toda a saga. Há fan service, mas há também uma criatividade e coerência nos detalhes que nos fazem querer sair do cinema e ver Uma Nova Esperança na sequência, até para checar algumas coisas. Não por acaso bateram palmas no final da sessão que assisti, e não foi a de meia noite, repleta de fãs eufóricos.
Rogue One: Uma História Star Wars é exatamente isso que promete. Mais uma história da Saga que conquistou legiões de fãs, expandindo a nossa percepção de acontecimentos conhecidos e trazendo novas possibilidades de explorar esse imenso universo criado por George Lucas. Vamos ver o que mais a Disney nos reserva.
Rogue one: Uma História Star Wars (Rogue One, 2016 / EUA)
Direção: Gareth Edwards
Roteiro: Chris Weitz, Tony Gilroy
Com: Felicity Jones, Diego Luna, Alan Tudyk, Donnie Yen, Forest Whitaker, Mads Mikkelsen, Ben Mendelsohn, Riz Ahmed, Wen Jiang
Duração: 134 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Rogue One: Uma História Star Wars
2016-12-18T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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