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A Qualquer Custo
A Qualquer Custo
Como pagar um banco que utilizou de juros abusivos e agora tenta tomar o bem penhorado? Os irmãos Howard tiveram uma ideia inusitada, realizar assaltos ao próprio banco para saldar a dívida. Essa premissa quase absurda acaba escondendo diversas camadas que fazem de A Qualquer Custo um filme ímpar na história do gênero de western, agregando drama familiar, thriller e até mesmo comédia.
Há um clima de insatisfação geral, um Texas empobrecido com cidades e população com dificuldades. Um clima de aversão a bancos, como um muro pichado ou um comentário na lanchonete, ou ainda um comentário de um rapaz que auxilia os irmãos no golpe, ajudando a apagar rastros do dinheiro roubado.
Curiosamente, elementos que parecem perdidos no tempo retornam à tona, como um poço de petróleo em tempos de energia solar e eólica. E a figura do cowboy justiceiro interpretado por Jeff Bridges. Criando esse clima misto de passado, presente e futuro em ebulição coabitando naquela atmosfera inóspita do deserto americano.
Não há pressa na direção de David Mackenzie. Apesar do clima de perseguição traçado pelo policial Marcus Hamilton (Jeff Bridges) com seu parceiro, que ele insiste em criar piadas de mal gosto sobre índios. Tudo é construído em um ritmo de contemplação, sem pressa. Há pausas necessárias, há diálogos preciosos. Mas nada parece por acaso. Gasta-se tempo com um flerte de uma garçonete, por exemplo, que ajudará a narrativa a andar posteriormente, tendo consequências até quando já parecia esquecida.
A maneira como o filme contrasta a lei e a subversão dela é talvez a questão mais instigante da obra. Dois irmãos, um já bandido, recém saído da cadeia, com diversos crimes no currículo. O outro aparentemente viveu honestamente, cuidando da mãe doente. Mas divorciado, com dois filhos adolescentes, vê sua vida caminhar para aquilo que chama de "maldição familiar" da pobreza. E tudo por causa de um banco e suas leis questionáveis. Esse embate que se constrói em cada ação da dupla está o tempo todo em discussão. Estamos fazendo isso porque achamos que um caminho é roubar, ou a falta de ética bancária me permite ser anti-ético com eles?
Isso também está na reação de parte da população. "Ver vocês pagando os cretinos com o dinheiro deles? Bem, se isso não for texano, não sei o que é", diz o advogado. Esse é o espírito da crítica política construída na obra. Ao mesmo tempo, há a busca pelo "certo", pelo ético, principalmente após algumas ações que fogem ao controle. E tanto Ben Foster, quanto Chris Pine ou Jeff Bridges assumem bem os estereótipos que os cabe, construindo nuanças próprias.
A Qualquer Custo é um filme que traz diversas camadas em uma história aparentemente simples e cheia de clichês. A maneira como repensa símbolos e constrói a trajetória de suas personagens é a melhor coisa da obra.
A Qualquer Custo (Hell or High Water, 2017 / EUA)
Direção: David Mackenzie
Roteiro: Taylor Sheridan
Com: Ben Foster, Chris Pine, Jeff Bridges, Dale Dickey, Marin Ireland
Duração: 102 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
A Qualquer Custo
2017-02-03T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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