
Parceria do estúdio francês Wit com o famoso estúdio japonês Studio Ghibli, A Tartaruga Vermelha é um filme especial em diversos aspectos. Não por acaso está na lista dos cinco concorrentes ao Oscar de animação desse ano.
Sem um único diálogo a obra é uma jornada de auto-conhecimento e paciência através de metáforas. Um homem náufrago, que não sabemos exatamente como foi parar no meio do mar, chega a uma ilha deserta e nela tenta sobreviver ao mesmo tempo em que tenta fugir dali. O filme abre margens para tantas interpretações que podemos nos perguntar até mesmo se, de fato, ele saiu de lá alguma vez e a cena que vemos dele no meio da tempestade não é mais uma das tentativas de fuga.

A tartaruga é um símbolo forte, já que representa o humano e o cósmico ao mesmo tempo. Por viver muitos anos, é relacionada à sabedoria e também à concentração. Ela chega na vida do homem quando ele está mais perto de fugir da ilha. E se torna mulher quando ele começa a se conformar com o seu destino. Tentar pensar A Tartaruga Vermelha apenas com os olhos racionais pode nos deixar sem respostas.

O desenho possui um traço simples, porém extremamente bem cuidado. As paisagens paradisíacas da ilha são lindas, as cores vivas e forte do dia, contrastam com o tom azulado da noite nos deixando sempre com uma apreciação estética. As cenas no fundo do mar, com as tartarugas nadando também são muito bonitas. E mesmo um maremoto que pareceria assustador vira poesia nesse universo.
Como boa parte das animações japonesas, A Tartaruga Vermelha é um mergulho espiritual e psicológico intenso, com imagens simples e fortes ao mesmo tempo em que nos envolve e encanta.
A Tartaruga Vermelha (La tortue rouge, 2017 / França / Japão)
Direção: Michael Dudok de Wit
Roteiro: Pascale Ferran, Michael Dudok de Wit
Duração: 80 min.