And The Oscar Goes To...
Se você não acompanhou a premiação do 89º Academy Awars, imagine o cenário. La La Land, filme favorito em todas as apostas, já acumulava seis estatuetas, inclusive de melhor diretor. Seu principal concorrente, Moonlight tinha apenas dois, melhor ator coadjuvante e melhor roteiro adaptado. Manchester e Até o Último Homem também tinham duas estatuetas cada. Então, entram no palco Warren Beatty e Faye Dunaway, os eternos Bonnie e Clyde. Tudo poderia acontecer, inclusive A Qualquer Custo, filme que não tinha levado nenhuma estatueta até então, vencer. Porém, o que aconteceu, nem M. Night Shyamalan seria capaz de escrever.
Visivelmente desconcertado, Beatty não queria ler o que estava no cartão, mas acabou anunciando junto com Faye Dunaway o esperado: Melhor Filme La La Land. Equipe sobe ao palco feliz, vai começar o discurso, quando a produção retorna e explica: o vencedor é Moonlight. Tinham dado a Beatty e Dunaway o cartão de Emma Stone e não o de melhor filme. Algo para ficar para a história de maneira meio estranha, confusa, constrangedora, mas também uma boa surpresa, diante não apenas das qualidades técnicas do filme de Barry Jenkins, como por tudo que este representa em um país governado por Trump e sua política excludente.
No discurso de apresentação, Jimmy Kimmel já tinha ironizado. Vimos que mulheres negras salvaram a Nasa, enquanto homens brancos, o jazz. Isso sem falar na alfinetada de que diversos países que os odiavam estavam vendo agora a cerimônia. Além de tuitar diretamente para o perfil de Trump #merylsayshi em alusão ao discurso de Meryl Streep no Globo de Ouro que teve resposta do presidente dizendo que ela era uma atriz superestimada. Aliás, antes, Kimmel já tinha feito ela se levantar para receber uma salva de palmas da plateia.
Sem tantos aparatos quanto os demais anos, o show de abertura já foi com Justin Timberlake cantando "Can´t stop the feeling" uma das concorrentes a melhor canção original por Trolls. Simples e funcional. Porém, quem levou mesmo o prêmio foi a já esperada City of Stars, ainda que eu prefira Audition, ambas de La La Land. Ou seja, fora a reviravolta inesperada do prêmio principal, a noite foi de poucas surpresas.
Divertido e dinâmico, Jimmy Kimmel nos deu bons momentos como o ônibus de turistas que desembarcou no meio do teatro com celulares nas mãos e caras de espanto para cumprimentar celebridades como Meryl Streep, Mahershala Ali, Emma Stone, entre outros. Ou quando fez os já citados tuítes, ou ainda quando colocou os atores para lerem algumas piadas sobre eles próprios. Sem falar no momento fofura de carregar o pequeno Sunny Saroo, do filme Lion, com a trilha de O Rei Leão.
Os favoritos Viola Davis, Mahershala Ali e Emma Stone levaram as estatuetas de interpretação. E Casey Affleck acabou confirmando o favoritismo em cima de Denzel Washington que parecia visivelmente abalado com a derrota. O Apartamento venceu o Oscar de Melhor Filme em língua estrangeira e Zootopia melhor Animação. Assim como O.J. Made in America ficou com melhor documentário. Alguma surpresa acabou vindo dos prêmios chamados "técnicos" como melhor cabelo e maquiagem para Esquadrão Suicida, quando Star Trek parecia mais justo, e melhor figurino para Animais Fantásticos e Onde Habitam em vez do favorito Jackie. Edição de som para A Chegada e Mixagem de Som para Até o Último Homem não chegam a ser tão surpreendentes, sendo merecidos, ainda que La La Land fosse uma aposta mais forte.
No final, tivemos uma noite agradável, como momentos memoráveis. O erro do prêmio principal pode ter manchado um pouco a festa, principalmente diante do constrangimento que se formou no palco, lembrando o Miss Universo de 2015 e gerando diversos memes na internet. Porém, nem isso tira o mérito da festa e dos vencedores. La La Land pode ter terminado com um número maior de estatuetas, mas o grande vencedor da noite foi mesmo Moonlight pelo reconhecimento e pela reviravolta no último segundo que deixou um gostinho de doce para eles e amargo para o filme de Damien Chazelle, que acabou literalmente retirado do palco.
Todos os premiados.
Melhor Filme
"Moonlight: Sob a luz do luar"
Melhor Diretor
Damien Chazelle ("La La Land: Cantando eEtações")
Melhor ator
Casey Affleck (“Manchester à beira mar”)
Melhor atriz
Emma Stone ("La La Land: Cantando Estações")
Melhor ator coadjuvante
Mahershala Ali (“Moonlight: Sob a luz do luar")
Melhor atriz coadjuvante
Viola Davis ("Um Limite Entre nós")
Melhor filme em língua estrangeira
"O apartamento" (Irã)
Melhor documentário
"O.J. Made in America"
Melhor animação
"Zootopia"
Melhor montagem
"Até o último homem"
Melhor fotografia
"La la land"
Melhor roteiro original
"Manchester à beira-mar"
Melhor roteiro adaptado
"Moonlight"
Melhor edição de som
"A chegada"
Melhor mixagem de som
"Até o último homem"
Melhor design de produção
"La la land: Cantando estações"
Melhores efeitos visuais
"Mogli"
Melhor cabelo e maquiagem
"Esquadrão suicida"
Melhor figurino
"Animais fantásticos e onde habitam"
Melhor trilha sonora
Justin Hurwitz ("La la land: Cantando estações")
Melhor canção original
"City of stars" ("La la land: Cantando estações")
Melhor curta-metragem
"Sing"
Melhor curta-metragem de animação
"Piper"
Melhor documentário em curta-metragem
"The white helmets"
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
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2017-02-27T09:47:00-03:00
Amanda Aouad
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