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Florence ou Marguerite
Florence ou Marguerite
Florence Foster Jenkins viveu entre 1868 e 1944 nos Estados Unidos e era uma amante da música. Uma cantora excêntrica, que, apesar de não ter voz, tinha dinheiro e acreditava ser uma soprano. Ano passado foram lançados no Brasil dois filmes baseados em sua vida, um francês e outro estadunidense. E, infelizmente, nenhum dos dois conseguiu ser tão instigante quanto a premissa da própria senhora.
Ambos os filmes tentam construir esse amor da protagonista pela música e sua ingenuidade diante de tantos que a cercam e a enganam, sejam por pena, admiração ou interesse em explorar seu dinheiro. O francês é mais melancólico, já o estadunidense é mais cômico. Porém, falta a ambos uma visão mais crítica da situação, ou mesmo emoção, que parece se esvair em escolhas de roteiro, tornando apenas filmes curiosos.
Marguerite, o filme francês, traz a protagonista, interpretada por Catherine Frot, que dá um tom frágil à senhora. Parece uma menina ingênua em busca de sua arte. Delicada, sempre sofrendo com as ausências do esposo que parece querer sempre fugir da situação, ainda que faça de tudo para que ela não perceba a verdade: não sabe cantar. Sua trajetória acaba sendo trágica, mas o roteiro se perde em algumas reviravoltas, tornando o filme cansativo em determinado momento.
Já Florence: Quem é essa mulher?, o filme estadunidense, é protagonizado por Meryl Streep. Apesar do tom ingênuo infantil da senhora, Streep dá uma força a mais à sua interpretação, não parecendo uma senhora tão frágil, apesar da doença. Isto por causa do tratamento mais cômico da obra, que pede um tom a mais nas cenas, que buscam mais a mise-en-scène da situação que retratar a dor dela.
Tudo parece mais over em Florence. O esposo, interpretado por Hugh Grant, em vez de um senhor austero, é um explorador showman. Ainda que também se importe com a esposa e não queira que ela se magoe com a verdade, ele incentiva suas investidas, planejando apresentações e lidando com o público. No filme francês é o mordomo quem faz esse papel, parecendo uma espécie de paixão platônica, estilo Crepúsculo dos Deuses.
O roteiro de Florence parece mais orgânico, seguindo os "manuais", o que torna tudo mais fluido, não necessariamente melhor, principalmente pelas escolhas de tom. Comparar os dois filmes nos faz pensar muito na própria definição dos grandes gêneros: Comédia e Tragédia. A mesma história pode se encaixar em qualquer um dos dois, a depender do tratamento. O francês tende a tragédia, inclusive pela resolução, enquanto o estadunidense para a comédia, mesmo tendo uma resolução próxima em fato.
A grande diferença é a maneira como o enquadramento nos faz ver aquela história. Nos tornamos mais próximas de Marguerite nos importando com ela. Enquanto Florence é vista com maior distanciamento, quebrando um pouco essa identificação. O roteiro francês vai escalando a curva dramática nessa construção incomoda até o ápice trágico. Já o estadunidense, vai nos aproximando aos poucos dela, construindo uma curva mais melodramática com um final, de certa maneira, apaziguador.
No final, ambos acabam se equiparando em resultado. Não são grandes filmes, mas trazem uma história impressionante e duas atuações dignas de elogios. Tanto Catherine Frot quanto Meryl Streep são a alma do filme, deixando essa sensação de admiração pela mulher que só queria cantar, mesmo sem voz, mesmo sem compreender a dimensão daquilo tudo. Não deixa de ser curioso.
Marguerite (Marguerite, 2016 / França)
Direção: Xavier Giannoli
Roteiro: Xavier Giannoli, Marcia Romano
Com: Catherine Frot, André Marcon, Michel Fau
Duração: 129 min.
Florence: Quem é Essa Mulher? (Florence Foster Jenkins, 2016 / EUA)
Direção: Stephen Frears
Roteiro: Nicholas Martin
Com: Meryl Streep, Hugh Grant, Simon Helberg, Rebecca Ferguson
Duração: 111 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Florence ou Marguerite
2017-02-11T06:59:00-03:00
Amanda Aouad
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