
"Se for piscar, pisque agora." Avisa a narração inicial que é também o bordão de Kubo em suas apresentações na vila onde vive, criando a expectativa para a adrenalina. Kubo e as Cordas Mágicas é uma grande fábula que bebe nas referências orientais para nos contar uma aventura de um garoto e a mística que envolve sua família.
A maneira como o roteiro é construído nos remete à tradição ancestral do contar histórias. A narrativa parece simples, um herói precisa enfrentar um vilão para vingar sua família. Porém, antes, ele precisa encontrar três artefatos mágicos que o deixarão mais poderoso.

Kubo tem algo que encanta em sua concepção, a questão dos origâmis que ganham vida com o tocar de suas cordas, a maneira como a magia o cerca, a própria situação do avô ter lhe roubado um olho e o que este alega ser o motivo para isso. O que parecia ser uma simples aventura de herói contra vilão vai ganhando camadas cada vez mais ricas.

Fora a história e a mitologia criada, Kubo ainda encanta pelo visual. Desde a primeira cena, tudo parece grandioso e extremante belo, bem construído. O balé dos origâmis é lindo, rico em detalhes. As cenas das lamparinas sendo conduzidas pelo rio emocionam. O jogo de luz e sombras no mar impressiona.
Ainda que não seja um desenho oriental, o fato de beber na fonte dessa cultura faz Kubo ter uma maneira especial de lidar com a morte. Além de ser menos rígido no conceito de bem e mal, o que enriquece a experiência filmica.
No final das contas, Kubo e as Cordas Mágicas traz diversos elementos que envolvem e encantam o espectador, mesmo que em alguns momentos dê sinais de cansaço. Uma bela animação que, não por acaso, compõe os indicados ao Oscar 2017.
Kubo e as Cordas Mágicas (Kubo and the Two Strings, 2016 / EUA)
Direção: Travis Knight
Roteiro: Marc Haimes
Duração: 102 min.