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Nas Estradas do Nepal
Nas Estradas do Nepal
Representante do Nepal no Oscar, apesar de não conseguir a indicação, traz questões duras de uma maneira inusitada pelo olhar de duas crianças e uma busca desesperada por uma galinha.
O animal é um símbolo, claro. Último laço do pequeno Prakash com sua falecida mãe, a galinha Karishma simboliza afeto. Da genitora que falta e da irmã que escondeu o animal quando todos deveriam ser dados à organização da vila para uma visita do rei. Irmã essa que também falta, mas de uma forma diferente, devido à guerra civil, também conhecida como revolta maoísta. Quando seu pai vende o animal por acreditar ser de mau agouro, ele tenta desesperadamente reaver o animal, mas não tem dinheiro para comprá-lo de volta, aventurando-se em diversas tentativas.
Prakash é um dalit, intocável, e tem como melhor amigo Kiran, o filho do patrão dele e de seu pai. A amizade dos dois garotos é pura e sincera, não ligam para as diferenças de castas, não se importam com as opiniões alheias. Brigam e se ajudam com a mesma intensidade. E é uma espécie de alívio emocional diante da realidade crua retratada na obra.
A própria situação do Nepal, o clima de guerra, as dificuldades da pobreza são conduzidos de maneira simples e direta, não há uma busca por emoções exageradas. Mesmo quando temos situações limites perto do fim da trama. A rotina nos é apresentada em etapas. E os sonhos de Prakash ajudam em sua compreensão emocional.
A relação com o cinema também é interessante, principalmente se pensarmos na proximidade do país com a Índia, um dos principais produtores do mundo e apaixonados pela sétima arte. Há um misto de homenagem e crítica a isso, nas sessões anunciadas, com os garotos vendendo ovos para conseguir ingressos. E também em recursos em momentos chaves. Um em específico em que Prakash anda por imagens congeladas é esteticamente impressionante.
O título brasileiro pode dar uma impressão errada de road movie, quando na verdade boa parte da ação se passa na vila, mas não deixa de ter essa sensação de caminhada. Prakash e Kiran estão sempre na estrada em busca de Karishma. Caminho nos passos do seu novo dono e também de pessoas que possam conseguir algum dinheiro para eles, seja vendendo um estojo ou em um reencontro quase inesperado.
Não chega a ser injustiça Nas Estradas do Nepal não estar no Oscar, mas é um bonito filme. Com viés realista, mas também diversas camadas simbólicas que nos fazem embarcar na jornada desses meninos e sua galinha.
Nas Estradas do Nepal (Kalo Pothi, 2015 / Nepal)
Direção: Min Bahadur Bham
Roteiro: Min Bahadur Bham, Abinash Bikram Shah
Com: Khadka Raj Nepali, Sukra Raj Rokaya, Jit Bahadur Malla
Duração: 90 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Nas Estradas do Nepal
2017-02-20T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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