
A Bela e a Fera retorna em live action aos cinemas esta semana. Um dos filmes mais esperados do ano, com divulgação ampla que chamava a atenção desde o início pela direção de arte e semelhança com a animação de 1991. Porém, uma revelação recente mexeu com as expectativas e teve país que ameaçou até proibir a exibição da obra como a Rússia, dando classificação de 16 no final. Caso ainda não saiba o que aconteceu, os produtores revelaram que existe uma personagem gay nessa nova versão.
Nem vou entrar no mérito da homofobia, é pequeno demais para considerações. O que chama a atenção em A Bela e a Fera, assim como outras obras que trazem remakes ou mesmo continuações atualmente, é a necessidade de adaptar as histórias para novos tempos onde a diversidade é maior e a tolerância com qualquer tipo de preconceito menor. Discriminações que antes pareciam normais, foram rediscutidas e, ao contrário do que os retrógrados tentam bradar, não existe uma "tentativa" de fazer ninguém virar nada, mas apenas de compreender que as pessoas são plurais, sem precisar seguir uma regra única.
O mundo mudou. Pode parecer chavão de anúncio publicitário, mas é verdade. A sociedade está cobrando mais direitos e se incomodando mais com injustiças. Respeito é a palavra de ordem. E os filmes, como bom reflexo da sociedade também começam a se adaptar. A Bela e a Fera é apenas um exemplo. E bem discreto, já que trata-se de uma personagem secundária, o Lefou, que se descobre apaixonado pelo vilão Gaston. E, se formos analisar bem, no desenho de 1991 ele poderia ser gay, só não se poderia falar abertamente sobre isso naquela época.

Os esforços, porém, não deixam de ser válidos, vide o novo Kong que traz uma personagem feminina que não segue o estereótipo da femme fatale, nem da vítima indefesa dos filmes de ação em geral. Brie Larson vive uma fotógrafa de guerra, mulher ativa, determinada, em busca de aventuras. Até o seu figurino é coerente com uma aventura na selva, ainda que com uma camiseta que ressalta os seios, está sempre de calças folgadas e botas, sem cuidados com maquiagem ou cabelo arrumado, muito menos os vestidos que outras personagens de filmes antigos de Kong usavam. Ela também não é uma oferenda ao macaco, não é vista como um objeto, pelo contrário, suas poucas interações com o animal é de troca e reconhecimento, contrastando com a rivalidade estabelecida por outras personagens masculinas.


Talvez o melhor exemplo dos novos tempos seja o recente filme Logan. Wolverine sempre foi o protótipo do macho-alfa. Extremamente forte, independente, agressivo, com um instinto animal de sobrevivência e marcação de território. Com um senso de justiça dentro dele e, no fundo, uma boa pessoa, que acaba sempre brigando com sua própria personalidade arredia para tentar se colocar em grupo e proteger os seus, é verdade. Porém, uma personagem machista que sempre viu a mulher como inferior, não por acaso ele tentava proteger Jean Grey mesmo quando ela demonstrava ser mais poderosa que ele, transformada na Fênix.

Homossexuais, transgêneros, diversidade étnicas, igualdade de gêneros. Isso é a pauta clamada na sociedade atual. Não é a "chatice" do politicamente correto como alguns reclamam. É apenas o respeito ao ser humano, suas escolhas e suas diferenças. E é isso que o cinema vem tentando demonstrar de maneira progressiva. É preciso estar atento e se adaptar aos novos tempos. Para o bem de todos. E não tenham medo de levar suas crianças para ver o novo A Bela e a Fera. Acredite, elas compreendem melhor essas questões, pois ainda não estão contaminadas pelos preconceitos da sociedade.