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O Jardim Secreto
O Jardim Secreto
Inspirado no livro de Frances Hodgson Burnett, O Jardim Secreto é daqueles filmes que ficam marcados na memória. Tem a ver com a infância, mas tem também um belo ensinamento sobre a vida e o que realmente importa.
A trama tem diversas adaptações, inclusive uma em animação, dirigida por Dave Edwards, para a televisão. Mas esta acabou sendo a mais famosa. Ela nos traz a história da garotinha Mary Lennox que vivia na índia com seus pais até ficar órfã e ir morar na mansão Misselthwaite na Inglaterra, onde seu tio, Lorde Archibald Craven vive com seu filho e criados. O problema é que desde que a tia de Mary morreu, o Lord pouco fica no local e seu filho Colin vive recolhido no quarto como um menino de saúde frágil.
Mary não é uma garota fácil, foi criada por empregados, seus pais mal tinham tempo para ela e de alguma maneira sua empáfia a faz questionar o modo de vida daquela mansão e os cuidados excessivos com o primo Colin. Mas o que a faz suportar aquela nova vida mesmo é o jardim de sua tia, fechado por ordens do Lord desde sua morte. Por isso secreto.
A magia de um local secreto para brincar e fazer novas descobertas como aprender as plantas ou cuidar dessas plantas traz vida não só para Mary, mas para o seu primo. E não deixa de ser uma metáfora interessante. Qual criança não teve os seus esconderijos secretos? Reais ou de fantasia? Às vezes, uma montanha de almofadas pode se tornar uma caverna escondida. E isso que acaba sendo tão mágico na obra. O reconhecimento desse momento único da vida.
A figura da governanta Medlock interpretada por Maggie Smith, é a simbologia da bruxa má dos contos de fadas. A madrasta, aquela que não permite as descobertas. Nesse filme, ela acaba sendo amenizada em relação ao livro, mas não deixa de ser o adversário das crianças. E Maggie Smith consegue dar o tom exato do medo e doçura ao mesmo tempo. Há uma rispidez, mas há um cuidado, uma preocupação genuína com o garoto que não parece ser um truque para algum plano maligno.
O que chama a atenção é de onde vem a saúde tão frágil de Colin. Ele nasceu prematuro e sua mãe faleceu no parto, mas nenhum médico atestou que ele poderia se recuperar? Não poder ver a luz do sol ou respirar ar puro, nem mesmo tentar aprender a andar são coisas que soam estranhas. O que talvez esteja sub-entendido a verdadeira questão do filme que é a falta de atenção ao outro. O Lord Craven nunca olhou de fato para o seu filho para perceber do que ele poderia ser capaz. Assim como os pais de Mary também não a olhavam.
É um encontro de duas crianças que sentiram na pele o abandono. E a partir desse encontro, um recomeço. Isso faz do filme algo tão tocante e belo. A inocência de ir além por não saber o que são limites. Seja explorando um jardim secreto, seja ousando sair da cama e ver o sol. Como a própria Mary fala, a vida é um grande jardim e o que o filme faz é nos convidar a explorá-lo sem medo.
O Jardim Secreto (The Secret Garden, 1993 / EUA)
Direção: Agnieszka Holland
Roteiro: Caroline Thompson
Com: Kate Maberly, Maggie Smith, Heydon Prowse, John Lynch, Andrew Knott
Duração: 101 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
O Jardim Secreto
2017-03-26T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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