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Get On Up: A História de James Brown
Get On Up: A História de James Brown
Dinâmico, criativo e controverso. Get On Up: A História de James Brown é como o seu protagonista, cheio de paixão, música e polêmicas que parecem ficar esquecidas diante de sua habilidade nos palcos.
O roteiro de Jez Butterworth e John-Henry Butterworth é hábil ao ser construído de maneira totalmente não-linear. Mais do que isso, as cenas de infância, adolescência e fases adultas vão se interpondo sem necessariamente terminar. Ficam ganchos que vão sendo montados como um quebra-cabeças em nossa mente à medida que vão aparecendo na tela.
Isso acaba sendo uma bela estratégia para fingir não estarmos vendo uma cinebiografia comum. Pois, destrinchada e colocada na ordem, Get On Up não se diferencia muito do que é visto por aí. Uma infância pobre e com problemas familiares, um pai agressivo, uma mãe que abandona o lar, uma tia dona de um bordel. Na adolescência, pequenos problemas com a polícia e a possibilidade na música gospel.
Porém, o que o filme quer construir não é o homem James Brown, mas o mito. Ainda que seus problemas familiares apareçam e que até sejam ensaiadas algumas cenas que mostram sua agressividade seja com a esposa ou com desconhecidos que usam o seu estabelecimento, mais precisamente o banheiro, o filme foca em sua genialidade musical, em sua capacidade de criar ritmos, em dançar, em construir sua própria batida.
James Brown aparece nos palcos e nos estúdios de diversas maneiras. São muitos minutos de projeção dedicados a isso, com a exibição das músicas na íntegra e em todas as suas batidas. E isso empolga. Porque, de fato, ele era genial e influenciou diversos artistas depois dele, inclusive o "rei" do pop Michael Jackson. Não por acaso, tinha diversos apelidos como "O Padrinho do Soul" ou "O rei do Funk". Ou ainda mais simbólico, Mr. Dynamite.
Chadwick Boseman merece destaque e aplausos por sua caracterização do mito James Brown. Ainda que a maquiagem não seja perfeita em algumas fases, ele consegue construir o artista em suas nuanças. A postura arrogante, a capacidade de preencher um palco, a habilidade de chamar a atenção para si. É como se Brown ressurgisse em nossa frente com toda sua diversidade. Destaque ainda para as participações de Viola Davis e Lennie James, como seus pais, Octavia Spencer, como a tia Honey, e Dan Aykroyd, como um empresário do artista.
O filme não se preocupa em falar nas questões políticas, deixando a questão racial quase nas entrelinhas. A morte de Martin Luther King, por exemplo, surge quase como um susto em uma cena. O filme se furta a entrar em questões desse nível. Da mesma maneira que as polêmicas explosões de raiva do protagonista também não são aprofundadas.
De qualquer maneira, Get On Up: A História de James Brown cumpre a sua função. Um filme para ajudar a imortalizar o mito, suas músicas, seu talento. E por focar nisso, claro, é divertido e envolvente como uma boa música de James Brown.
Get On Up: A História de James Brown (Get On Up, 2015 / EUA)
Direção: Tate Taylor
Roteiro: Jez Butterworth, John-Henry Butterworth
Com: Chadwick Boseman, Nelsan Ellis, Viola Davis, Octavia Spencer, Lennie James, Dan Aykroyd
Duração: 139 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Get On Up: A História de James Brown
2017-04-29T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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