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Rei Arthur: A Lenda da Espada

Rei Arthur: A Lenda da Espada - filme

Guy Ritchie é um diretor com marcas muito claras. Há uma ironia própria em suas obras com inserção de situações aparentemente absurdas em ritmo frenético que sempre gera um filme, no mínimo, divertido. Por isso, chamou a atenção o anúncio de um filme dele sobre o Rei Arthur. O resultado, no entanto, não pareceu cumprir as expectativas.

Muito já foi dito e criado em cima do mito Rei Arthur e seu reino de Camelot, com a famosa Tábula Redonda e seus cavaleiros. Ou mesmo sobre a lenda da espada Excalibur. Guy Ritchie foca na lenda da espada, o que faz o título Rei Arthur não ser fiel a trama, já que vemos Arthur antes de ser rei. Um Arthur um pouco diferente do comumente visto, menos arquetípico, mais humano. E uma luta que envolve destino, magia e política de uma maneira bem curiosa.

Rei Arthur: A Lenda da Espada - filmeA questão é que o tom do filme não é tão bem humorado, ainda que a montagem continue ágil. Porém, ele abusa do recurso de uma cena de narração em paralelo com a exemplificação disso, como quando Arthur é interrogado e vai sendo ilustrada sua fala. Ou quando a Maga explica a ele onde tem que ir para "domar" a Excalibur. O problema é que esse excesso de "contação" torna a narrativa maçante. É o famoso "no cinema não conte, mostre".

Isso gera também alguns problemas de imersão e aproximação com as personagens, principalmente naquele que deveria ser o momento chave do protagonista. A escolha de mesclar a jornada com a narração acaba resumindo o momento, não nos dando a construção de efeito necessária para acompanhar sua catarse.

A maneira como a magia surge na obra também tem seus pontos positivos e negativos. Há uma construção estética interessante. Com algumas cenas de efeitos especiais que envolvem os espectadores. A começar pela primeira cena com o ataque de Mordred, que aqui é um mago malvado que ataca Uther, pai de Arthur, quando este é ainda uma criança. Não é um cavaleiro da távola, nem filho de Morgana, como na maioria das histórias sobre o mito.

Rei Arthur: A Lenda da Espada - filmeAs cenas de batalha se dividem, então, entre as que usam magia ou não. Sendo as sem magia muito próximas aos filmes medievais em geral, com luta de espada, flechas e embates corporais ágeis e bem orquestradas. E as com magia que trazem uma atmosfera especial que impressiona visualmente. Animais são utilizados, muita névoa e jogo de luzes, sempre vermelho para o mal e azul para o bom.

Transformar o mito, sempre retratado como justo, íntegro e benevolente, em um homem cheio de dúvidas, traumas, medos e, ainda assim, bonachão era um risco. Mas é o jovem Arthur, líder de gangue de rua e tendo que sobreviver em sua realidade. O rei que se vislumbra no futuro se aproxima do mito e, talvez assim, agrade aos fãs.

A questão é que acrescentar algo ao mito já tão retratado não parece tão convincente. Parece mais do mesmo com uma nova roupagem, deixado o filme menos envolvente. Ainda que bem feito, com exceção da interpretação do jogador de futebol David Beckham, claro, que já virou piada na internet.

De qualquer maneira, não é um filme que empolga, mas também não irrita. Apenas parece daqueles que logo será esquecido. Uma pena, já que o diretor já provou ter capacidade para muito mais.


Rei Arthur: A Lenda da Espada (King Arthur: Legend of the Sword, 2017 / EUA)
Direção: Guy Ritchie
Roteiro: Joby Harold, Guy Ritchie, Lionel Wigram
Com: Charlie Hunnam, Astrid Bergès-Frisbey, Jude Law, Djimon Hounsou
Duração: 126 min.

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