
Lançado diretamente na Netflix, esse filme independente tem um quê de doce e amargo que encanta. Traz ecos de obras como Antes do Amanhecer ou Blue Valentine nos envolvendo em uma melancólica história de amor.
Amanda e Jim se reencontram por acaso, em um supermercado. A surpresa e o embaraço é visível. Não se sabe ao certo a relação entre eles. Em um impulso, resolvem tomar um café juntos e, aos poucos, relembrar o que eram, o que planejaram e o que deu errado.

É visível que a relação daqueles dois foi interrompida de uma maneira brusca. Há uma sensação de incompletude em cada olhar, em cada palavra pensada antes de falar. E também no jogo que eles vão se envolvendo, como quando fingem ser casados para o dono de uma loja, ou quando ouvem uma fita onde eles, jovens, brincavam de como seria o futuro.

O roteiro consegue construir essas horas de reencontro de maneira leve, com diálogos bem construídos e situações divertidas, como quando os dois dançam ou simulam uma cena de casados. Mas não há uma profundidade textual, como nos filmes de Richard Linklater, é preciso ressaltar. Amanda e Jim, ainda que falem de depressão, amor e detalhes do término, não conseguem filosofar sobre relacionamentos nem mesmo aprofundar questões sobre relações humanas, sonhos e realidade.
Blue Jay acaba sendo apenas uma viagem curiosa à intimidade de suas pessoas que tiveram uma história juntos, separaram e voltaram a se encontrar anos depois. Do incômodo do reencontro, sem saber ao certo como agir, a intimidade que vai sendo retomada, temos oitenta minutos de projeção gostosos de acompanhar. Mas não passa muito disso.
Blue Jay (Blue Jay, 2016 / EUA)
Direção: Alex Lehmann
Roteiro: Mark Duplass
Com: Mark Duplass, Sarah Paulson, Clu Gulager
Duração: 80 min.