Home
Cate Blanchett
critica
drama
Michael Fassbender
Natalie Portman
Rooney Mara
Ryan Gosling
Terrence Malick
De Canção em Canção
De Canção em Canção
É uma pena, mas parece que Terrence Malick se tornou uma paródia de si mesmo. Sem nunca conseguir atingir a maestria de Árvore da Vida, o diretor continua insistindo em uma fórmula de imagens poéticas, narrações pensamentos e uma tentativa de filosofar através do cinema. Definitivamente, não está funcionando.
De Canção em Canção tem algumas questões positivas em relação aos dois últimos filmes. É, para começar, menos pretensioso. Não interessa aqui ao diretor discutir questões muito vastas. O foco é o microcosmo de três pessoas, os compositores Faye e BV, vividos por Rooney Mara e Ryan Gosling. E o magnata da música, interpretado por Michael Fassbender. A esse triângulo amoroso, se junta a personagem de Natalie Portman e, mais à frente, também terão participação Cate Blanchett e Bérénice Marlohe.
A música entra como pano de fundo, entre shows, ensaios, simples dedilhar em pianos ou violões. Mas não chega a ter o protagonismo que o título do filme dá a entender. A ideia é mesmo filosofar sobre escolhas e relações amorosas. A fórmula fica um pouco mais estranha aqui porque são muitas personagens em diálogos internos que não sabemos exatamente em que ponto da vida acontece, já que tudo parece ser uma reflexão póstuma.
Ainda assim, esse parece ser o mais palatável dos últimos experimentos. Ainda que continue sendo uma narrativa não-clássica, onde aparentemente a dramaturgia não anda, há conflitos a serem resolvidos e até mesmo ensaios de curvas dramáticas mais identificáveis. Tudo ainda em ritmo próprio, sem muitas regras, mas já dá para identificar começo, meio e fim de relacionamentos.
O próprio estilo de vida de Cook, personagem de Fassbender, acaba combinando com esse jogo cênico. Ele, que não tem regras e constrói sua rotina entre shows e festas, em uma forma completamente livre. Como ele é uma espécie de guru profissional de Faye e BV, sendo que vai conduzir também Rhonda, personagem de Natalie Portman, é como se seu estilo de vida guiasse o filme.
O maior problema da obra, continua sendo a duração. Talvez com meia hora a menos, o filme conseguisse não nos dar essa sensação de esgotamento e tudo fluísse melhor. Ele começa confuso, mas instigante, vai sendo desvendado e quando tudo está claro, poderia acabar, mas ainda se arrasta nessa longa meia hora de repetição que apenas cansa a plateia e não apresenta nada de novo.
Ainda assim, não tem como negar que há um prazer estético na direção. Há um capricho nas tomadas como um todo, na mise en scène, na fotografia e no ritmo empregado pela montagem. É lindo de acompanhar, ainda que cansativo diante da falta de propósito e da duração. E, por isso, não dá para dizer que é um filme ruim. Equivocado, talvez seja o melhor termo.
De Canção em Canção não nos traz nada de novo e torna a filmografia de Terrence Malick cada vez mais comprometida, de difícil acesso e estigmatizada por uma fórmula cansativa. É uma pena. Tudo parecia tão promissor em 2011, é triste ver o rumo que foi tomando.
De Canção em Canção (Song to Song, 2017 / EUA)
Direção: Terrence Malick
Roteiro: Terrence Malick
Com: Ryan Gosling, Rooney Mara, Michael Fassbender, Natalie Portman, Cate Blanchett
Duração: 130 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
De Canção em Canção
2017-07-17T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
Cate Blanchett|critica|drama|Michael Fassbender|Natalie Portman|Rooney Mara|Ryan Gosling|Terrence Malick|
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cadastre-se
Inscreva seu email aqui e acompanhe
os filmes do cinema com a gente:
os filmes do cinema com a gente:
No Cinema podcast
anteriores deste site
mais populares do site
-
King Richard: Criando Campeãs (2021), dirigido por Reinaldo Marcus Green , é mais do que apenas uma cinebiografia : é um retrato emocionalm...
-
Cinema Sherlock Homes O filme de destaque atualmente é esta releitura do clássico do mistério pelas mãos de Guy Ritchie. O ex de Madonna p...
-
Clint Eastwood me conquistou aos poucos. Ele sabe como construir um filme que emociona e, agora, parece ter escolhido Matt Damon como seu ...
-
Eletrizante é a melhor palavra para definir esse filme de Tony Scott . Que o diretor sabe fazer filmes de ação não é novidade, mas uma tra...
-
O Soterópolis programa cultural da TVE Bahia, fez uma matéria muito interessante sobre blogs baianos. Esta que vos fala deu uma pequena con...
-
Olhando para A Múmia (1999), mais de duas décadas após seu lançamento, é fácil perceber como o filme se tornou um marco do final dos anos ...
-
Amor à Queima Roupa (1993), dirigido por Tony Scott e roteirizado por Quentin Tarantino , é um daqueles filmes que, ao longo dos anos, se...
-
Fui ao cinema sem grandes pretensões. Não esperava um novo Matrix, nem mesmo um grande filme de ação. Difícil definir Gamer, que recebeu du...
-
O CinePipocaCult adverte: se você sofre de claustrofobia, síndrome do pânico ou problemas cardíacos é melhor evitar esse filme. Brincadeiras...