Home
animacao
cinema brasileiro
critica
Dira Paes
fici2017
filme brasileiro
infantil
Luiz Carlos de Moraes
Paolla Oliveira
Rafael Ribas
Selton Mello
Lino: Uma Aventura de Sete Vidas
Lino: Uma Aventura de Sete Vidas
Ao contrário do que muitos pensam, o Brasil sempre teve tradição no cinema de animação, principalmente no formato dos curta-metragens. Nos últimos anos, então, esta linguagem tem crescido bastante por aqui, não por acaso animações brasileiras venceram e se destacaram nos principais festivais como o Annecy. Comercialmente é um mercado que cresce muito também, principalmente com séries animadas. Lino: Uma Aventura de Sete Vidas não chega, então, como uma surpresa.
Tecnicamente, a obra não deve à maioria dos estúdios de animação do mundo. É bem feito, rico em detalhes e com uma boa variação de moldes tantos de personagens quanto de cenários. Há uma boa dinâmica também nas cenas de perseguição e nos efeitos mágicos com que a trama flerta, tendo um ritmo ágil e envolvente, principalmente nas piadas visuais com suas inúmeras referências. Porém, o roteiro acaba trazendo diversos problemas.
A premissa é boa. A ideia de um rapaz azarado que ao tentar mudar de vida se torna um gato gigante é criativa e divertida. A ideia de tentar fugir de algo e se aproximar dele também. Assim como a dinâmica estabelecida pelo trio formado por ele, o mágico atrapalhado e a garotinha fofinha que lembra em muitos aspectos Boo de Monstros S/A, até o bordão "gatinho", ela traz. Porém, a trama não se desenvolve.
A progressão dramática é mal dosada. Começamos com uma estrutura bem adulta, com um rapaz cheio de problemas financeiros, em um mundo hostil e com um tom quase depressivo. Com o elemento mágico e a virada da personagem, entramos em uma espécie de gincana, com eles correndo da polícia e tentando conseguir os elementos necessários para desfazer o feitiço.
As piadas também se tornam repetitivas e bobas como flatulências ou estereótipos de personagens burros, com direito até de trocadilho em seus nomes. Isso sem falar na dinâmica paralela entre a garota e o bad boy que cruzam a história de Lino. E também o clichê do amor de infância que vem na figura da antagonista quase involuntária da policial que o persegue.
Lino tem a partir daí pouco a nos oferecer, mesmo as camadas, que poderiam ser desenvolvidas para lidar com públicos diversos, se tornam rasas, não indo além de sugestões iniciais e referências. Algumas óbvias como Harry Potter e outras nem tanto, como o já citado Monstros S/A.
A solução também parece ter diversos artifícios "mágicos" no sentido ruim da palavra e não na utilização da magia dentro da narrativa. Como quando uma personagem simplesmente desiste de uma perseguição sem motivo aparente ou quando objetos literalmente surgem na frente do trio.
De qualquer maneira, Lino: Uma Aventura de Sete Vidas é uma experiência válida que ajuda a reforçar o mercado da animação brasileira, abrindo novas janelas para essa arte tão rica e fértil.
Filme visto no 15º Festival Internacional de Cinema Infantil - FICI.
Lino: Uma Aventura de Sete Vidas (Lino: Uma Aventura de Sete Vidas, 2017 / Brasil)
Direção: Rafael Ribas
Roteiro: Rafael Ribas
Com (voz): Selton Mello, Dira Paes, Paolla Oliveira, Luiz Carlos de Moraes
Duração: 93 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Lino: Uma Aventura de Sete Vidas
2017-11-04T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
animacao|cinema brasileiro|critica|Dira Paes|fici2017|filme brasileiro|infantil|Luiz Carlos de Moraes|Paolla Oliveira|Rafael Ribas|Selton Mello|
Assinar:
Postar comentários (Atom)
cadastre-se
Inscreva seu email aqui e acompanhe
os filmes do cinema com a gente:
os filmes do cinema com a gente:
No Cinema podcast
anteriores deste site
mais populares do site
-
King Richard: Criando Campeãs (2021), dirigido por Reinaldo Marcus Green , é mais do que apenas uma cinebiografia : é um retrato emocionalm...
-
Amor à Queima Roupa (1993), dirigido por Tony Scott e roteirizado por Quentin Tarantino , é um daqueles filmes que, ao longo dos anos, se...
-
Cinema Sherlock Homes O filme de destaque atualmente é esta releitura do clássico do mistério pelas mãos de Guy Ritchie. O ex de Madonna p...
-
O Soterópolis programa cultural da TVE Bahia, fez uma matéria muito interessante sobre blogs baianos. Esta que vos fala deu uma pequena con...
-
Eletrizante é a melhor palavra para definir esse filme de Tony Scott . Que o diretor sabe fazer filmes de ação não é novidade, mas uma tra...
-
Clint Eastwood me conquistou aos poucos. Ele sabe como construir um filme que emociona e, agora, parece ter escolhido Matt Damon como seu ...
-
Fui ao cinema sem grandes pretensões. Não esperava um novo Matrix, nem mesmo um grande filme de ação. Difícil definir Gamer, que recebeu du...
-
O CinePipocaCult adverte: se você sofre de claustrofobia, síndrome do pânico ou problemas cardíacos é melhor evitar esse filme. Brincadeiras...
-
Hitch: Conselheiro Amoroso é um daqueles filmes que, à primeira vista, parecem abraçar o clichê sem qualquer vergonha, mas que, ao olhar m...