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Veronika Franz
Boa noite, mamãe
Boa noite, mamãe
Sádico, essa poderia ser a melhor classificação para Boa noite, mamãe. O filme austríaco que aterrorizou plateias lida com elementos do terror de maneira diferente dentro da mesma narrativa. Mas parece ter prazer em nos torturar com imagens que muitas vezes não fazem sentido, apenas para ter o fetiche da dor.
Na trama, dois irmãos aguardam sozinhos sua mãe que retorna de uma estranha cirurgia na face. Recusando-se a falar com Lukas, ela se dirige apenas ao filho Elias. Logo, os irmãos começam a desconfiar que esta não seja sua mãe verdadeira, mas alguma mulher má que não se sabe por que, quer separá-los.
A estrutura da trama é construída para criar efeitos de terror. Uma casa isolada, no meio do nada, só os três nela. Muitas cenas à noite ou com as janelas fechadas. Como a história não justifica sustos constantes, o roteiro apela para sonhos, o que não deixa de ser um recurso que trapaceia em algum nível, pois tenta nos manter com a sensação de algo errado constante.
Dividido em dois momentos muitos distintos, o filme nos coloca no ponto de vista dos garotos. E por toda uma primeira parte compramos a ideia da mãe esquisita e do perigo real. Porém, em determinado momento, ainda que continuemos com os meninos, a mudança de atitude deles começa a nos fazer questionar a legitimidade de seus medos.
Algumas questões nos parecem óbvias desde o princípio, não sendo exatamente uma reviravolta a revelação. É plausível a atitude de Elias, ainda mais a de Lukas, porém, a mãe é apática demais em qualquer circunstância. Fosse ela a verdadeira mãe ou uma impostora, nada justifica a passividade com que lida com os problemas.
Há ainda o excesso de violência dessa segunda parte. A obra, então, demonstra-se mesmo adepta do sadismo, construindo cenas de pura tortura visual que angustiam o espectador em diversos níveis. Nisso é preciso destacar o trabalho de maquiagem e pequenos efeitos especiais devido ao realismo de alguns momentos. Porém, acaba tirando a imersão da trama ao nos fazer questionar a necessidade de algumas coisas.
Tais questões só trazem algum alento de sentido com interpretações simbólicas, seja do trauma, da questão do irmão gêmeo ou mesmo da relação mãe e filho. Talvez Freud explicasse, ou não. O fato é que Boa noite, mamãe tem qualidade técnica e sabe construir bem sua atmosfera, mas o excesso da violência gratuita, com quase um prazer pela tortura, assim como sua trama pouco crível, acabam contando negativamente para o conjunto da obra.
Boa noite, mamãe (Ich seh ich seh, 2014 / Austria)
Direção: Severin Fiala, Veronika Franz
Roteiro: Severin Fiala, Veronika Franz
Com: Lukas Schwarz, Elias Schwarz, Susanne Wuest
Duração: 99 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Boa noite, mamãe
2018-03-19T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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