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A Cidade do Futuro

A Cidade do Futuro - filme

Segundo longa-metragem do casal Cláudio Marques e Marília Hughes, A Cidade do Futuro foi exibido pela primeira vez em junho de 2016 no 5º Olhar de Cinema de Curitiba, de onde saiu vencedor do prêmio de melhor filme segundo o júri popular. Desde então, passou por diversos festivais, alguns com prêmios, e chega ao circuito comercial com importantes questões levantadas.

É curioso que sua trajetória comece com uma premiação popular. O apelo da temática, tão em voga em tempos de intolerâncias diversas, sendo também inspirada em uma história real, é algo que chama a atenção. Milla, Gilmar e Igor fogem das convenções familiares e do que seria considerado correto pela sociedade onde vivem. O amor para eles é visto de outra maneira, livre, sem regras ou certezas. Eles se buscam e se entendem, enquanto aguardam o pequeno Heitor nascer. E sofrem as consequências do preconceito dos habitantes da cidade.

A Cidade do Futuro - filmeO filme possui essa mistura entre ficção e realidade, trazendo os atores em seus próprios papéis. E nisso há pontos positivos, mas também problemas de interpretação com algumas cenas onde falta verdade e tudo parece duro demais, podendo tirar o espectador da trama. Mas, há também, em muitos momentos, o impacto emocional da entrega que nos envolve e convence daquela história.

A emoção é a base da trama, mas há também uma capacidade de diálogo que o filme demonstra. Uma história aparentemente tão pessoal, retratando a atmosfera de um interior baiano, mas que conseguiu construir significados nas mais diversas culturas e públicos. Há ali uma emoção autêntica, que também nos faz refletir.

A Cidade do Futuro - filmeO filme aborda preconceito e escolhas com bastante honestidade, nos envolvendo na trama. Há uma pedagogia através dos temas que se impõem, mas há também verdade. Dois dos protagonistas trabalham em uma escola e suas primeiras cenas são na sala de aula. Acaba sendo uma metáfora também de um cinema, um olhar em construção, que está em aprendizado, mas já demonstra marcas promissoras.

Tecnicamente também há beleza na obra. A fotografia também chama a atenção. Bastante plástica em cenas de paisagens, trabalhando a profundidade de campo para unir ou separar personagens da natureza. Ao mesmo tempo que fica mais saturada nas cenas internas. Há uma busca do casal de realizadores em construir imagens que tragam significados em camadas, como já fizeram no primeiro longa, Depois da Chuva.

Acima de tudo, existe em A Cidade do Futuro uma história que merece ser conhecida, enquanto narrativa, não apenas como tema. A começar pela ironia regional, já que a cidade do futuro a que o filme se refere é também o pequeno e retrógrado povoado de Serra do Ramalho, formado a partir da edificação de uma barragem, que tem sua história entrecortada pela trajetória do trio protagonista. O sentimento de seus pais terem sido expulsos de sua terra natal em nome do progresso traz uma comparação instigante em relação a eles, que estão ameaçados de sair dali em razão do caráter conservador dos moradores do lugar.

Um filme oportuno em uma época onde vemos tanta intolerância entre as pessoas.



A cidade do Futuro (A cidade do Futuro, 2018 / Brasil)
Direção: Cláudio Marques e Marília Hughes
Roteiro: Cláudio Marques
Com: Milla Suzarte, Gilmar Araújo, Igor Santos
Duração: 75 min.

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