I Mostra Itinerante de Cinema Negro – Mahomed Bamba
Nascido na Costa do Marfim, Mahomed Bamba construiu sua carreira acadêmica no Brasil, doutor em Cinema, Estética do Audiovisual e Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo (ECA-USP), fazia parte do Programa de Pós-Graduação da UFBA (Poscom), onde participava de três grupos de pesquisa (Pepa, Nanook e Grim), além de dar aulas para os cursos de graduação. Bamba nos deixou jovem, de repente, mas quem o conheceu não esquece sua vitalidade, seu sotaque charmoso a nos chamar de "senhorrita", sua paixão pelo cinema, ele costumava dizer que sua igreja era a sala escura. E claro, sua luta pela representação em tela e pela difusão do cinema negro, em especial, os realizados no continente africano.
Seria com muita alegria que Bamba receberia essa homenagem em um primeiro festival produzido por uma equipe inteiramente formada por mulheres negras que se apresenta como "um evento que pretende visibilizar, difundir e debater a produção audiovisual realizada por cineastas negras(os) de África e de sua diáspora. A fim de estimular processos afirmativos de identificação, diálogos sobre gênero e sexualidade também estarão presentes".
A I Mostra Itinerante de Cinema Negro – Mahomed Bamba começa hoje em Salvador com cerimônia de abertura no SESC Pelourinho a partir das 17h com sessão de filmes africanos e show da cantora baiana Luedji Luna que começa às 21h, única atividade paga do evento, mas com preços populares. A partir de amanhã contará com exibições regulares na Sala Walter da Silveira (DIMAS), no bairro dos Barris, e itinerantes nos bairros do Cabula, Uruguai e Garcia, reunirá mais de 35 obras de longas e curtas metragens realizados entre 2015 e 2017, produzidos por cineastas negra(o)s do Brasil e de países africanos de língua portuguesa, como Guiné-Bissau, Moçambique, Angola, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe e Guiné Equatorial e de países da diáspora. Em sua primeira edição, além da exibição de filmes de diversos gêneros – ficções, documentários, animações e experimentais –, a Mostra contará ainda com mesas de debates, Oficinas para crianças, Oficina de Elaboração e Desenvolvimento de Projetos e Minicurso de Cinema Africano.
Além dos curtas selecionados, a mostra conta com exibição de longa-metragens convidados como As Filhas do Vento de Joel Zito Araújo e o inédito no estado "O caso do homem errado" de Camila de Moraes, documentário que resgata o assassinato de Júlio César de Melo Pinto em 14 de maio de 1987, confundido com um assaltante. O filme é o segundo longa-metragem dirigido por uma mulher negra no país, 34 anos após Adélia Sampaio dirigir Amor Maldito. Um filme importante pelo tema e pelo que representa, mas que até o momento só conseguiu estrear comercialmente no Rio Grande do Sul, por falta de distribuição.
Em uma cidade com maioria da população negra, a Mostra é uma iniciativa mais do que bem-vinda. Traz um apanhado rico e diverso com documentários, ficções live-action e animação, muitas com trajetória de destaque em festivais como Peripatéticos, Travessia e Òrun Ayê e outros inéditos no país ajudando a construir esse diálogo entra Brasil e África que Bamba tanto presava. Além, claro, de construir um espaço necessário de discussão e difusão cinematográfica.
Sessão Especial de Abertura, 17h30
Filmes Africanos em Língua portuguesa 62 min.
Os Pestinhas e os Ladrões de Brinquedos – 13min / 2017 | Animação
Realização: Nildo Essá | País: Moçambique
A Boneca – 8min / 2015 | Ficção
Realização: Hélder Doca | País: Cabo Verde
A Carta - 26min / 2010 | Ficção
Realização: Michelle Mathison | País: Moçambique
Bom dia África! – 9min / 2009 | Ficção
Realização: Zezé Gamboa | País: Angola
A pegada de todos os tempos – 5min / 2009 | Ficção
Realização: Flora Gomes | País: Guiné-Bissau
Todas as sessões e atividades tem ENTRADA GRATUITA, com exceção do show de abertura da cantora Luedji Luna, às 20h. Ingressos: R$10 e R$5.
Coordenadora geral e de produção Daiane Rosário; na Coordenação de curadoria de Filmes Nacionais e produção Julia Morais e Tais Amor Divino; na Coordenação de curadoria de filmes africanos e produção Kinda Rodrigues; Coordenação de Produção Loiá Fernandes e na Coordenação de comunicação e produção Inajara Diz.
Curadoria: Janaína Oliveira, Alex França, Jusciele Oliveira, Morgana Gama, Henrique Dantas, Lolo Arziki, Thamires Vieira.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
I Mostra Itinerante de Cinema Negro – Mahomed Bamba
2018-04-11T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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