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Curtas do Cine Pe

Seja feliz - curta - filme

Ao contrário dos filmes de longa-metragem que demonstraram um bom equilíbrio, a competitiva de curtas do 22º Cine Pe trouxe obras muito boas ao lado de outras problemáticas em diversos aspectos, como o já citado Cara de Rato.

Na Competitiva pernambucana, chama a atenção em especial “Uma Balada para Rocky Lane”, melhor filme pelo júri oficial, e "Frequências" que levou os prêmios de melhor fotografia, melhor edição de som e direção de arte. O primeiro é uma bela homenagem a uma personagem ícone da cidade de Arcoverde, sertão de Pernambuco. Apaixonado por cinema, trabalhou em uma sala que fechou nos anos 80, como muitas pelo Brasil. Sempre vestido como um cowboy, o velho senhor escondia sua tristeza na máscara da personagem e codinome. O documentário consegue apresentar essa figura ao público que não a conhece, passando as nuanças da fantasia e da realidade, com depoimentos, imagens de arquivo e cenas de filmes de onde o nome surgiu. Divertido e emocionante, merece seu destaque.


Já "Frequências" merecia ainda outro prêmio técnico, o de montagem. Um exercício estético impressionante, nos faz embarcar nas junções de imagens naturais com aquelas em que o homem interfere, fundindo-as e ressignificando-se, tal qual o formalismo da escola soviética de montagem onde duas coisas sempre se tornam uma terceira. Um filme para se sentir, mais do que raciocinar em cima.

Outro destaque é o filme "Seja feliz", que levou o prêmio da crítica, além de melhor direção e roteiro. O filme traz uma crítica inteligente à ditadura da falsa felicidade em que vive a sociedade atual. E todas as formas de valores e controles que governo e mídia buscam imprimir na população. Com um tom irônico, nos mostra uma sociedade distópica onde nem mesmo a decisão de tirar a própria vida é mais do cidadão.

Já na competitiva nacional, o grande destaque acaba sendo “Universo Preto Paralelo”, que levou o prêmio do Canal Brasil e de melhor roteiro pelo júri oficial. O filme traz também uma bela junção de montagem para ressignificar a história do Brasil e a violência policial, seja durante a escravidão, as ditaduras ou atualmente.



Abismo”, eleito pela crítica, também consegue trazer uma boa construção fílmica, retratando de maneira tragicômica a angústia para pegar um elevador no prédio onde trabalha, mas que é uma metáfora que vai além da própria revelação final, trazendo reflexões sobre as condições de trabalho e ausência de perspectivas de vida. Já “Vidas Cinzas”, melhor filme pelo júri oficial acaba sendo uma versão menos criativa de Recife Frio. A crítica social e política retratada em um Rio de Janeiro que ficou “sem cor” para economizar é instigante, mas o desenvolvimento do roteiro não vai muito além. O grande momento do filme acabou sendo a aparição da deputada Marielle Franco que arrancou aplausos emocionados da plateia, enquanto que o deputado Eduardo Bolsonaro foi vaiado.

Destaque ainda para as animações “Plantae”, com uma bela direção de arte e uma mensagem importante sobre a preservação do meio ambiente, e “Insone”, animação lúdica sobre uma brincadeira infantil, que consegue passar sua mensagem nos divertindo e emocionando em apenas dois minutos. Ambas tiveram menções honrosas, sendo que a primeira também ganhou no júri popular. Além do filme baiano, “Não Falo com Estranhos” que levou melhor direção.


Prêmios:

MOSTRA COMPETITIVA DE CURTAS-METRAGENS PERNAMBUCANOS
Melhor Filme – “Uma Balada para Rocky Lane”
Melhor Direção – Diego Melo (“Seja Feliz”)
Melhor Roteiro – Fabio Ock (“Seja Feliz”)
Melhor Fotografia – Henrique Spencer (“Frequências”)
Melhor Montagem – Marcos Buccini (“O Consertador de Coisa Miúdas”)
Melhor Edição de Som – Adalberto Oliveira (“Frequências”)
Melhor Trilha Sonora – Neilton Carvalho (“O Consertador de Coisas Miúdas”)
Melhor Direção de Arte – Lia Letícia (“Frequências”)
Melhor Ator – Heraldo Carvalho (“Edney”)
Melhor Atriz – Roberta Mharciana (“Cara de Rato”)

MOSTRA COMPETITIVA DE CURTAS-METRAGENS NACIONAIS
Melhor Filme – “Vidas Cinzas”
Melhor Direção – Klaus Hastenreiter (“Não Falo com Estranhos”)
Melhor Roteiro – Rubens Passaro (“Universo Preto Paralelo”)
Melhor Fotografia – Ivanildo Machado (“Sob o Delírio de Agosto)
Melhor Montagem – Pedro de Aquino (“Vidas Cinzas”)
Melhor Edição de Som – Rafael Vieira (“Abismo”)
Melhor Trilha Sonora – Alexsandra Stréliski e Ludovico Einaudi (“Plantae”)
Melhor Direção de Arte – Rachel Oleksy (“Teodora Quer Dançar”)
Melhor Ator – Jurandir de Oliveira (“Abismo”)
Melhor Atriz – Mariana Badan (“Teodora quer Dançar”)

MENÇÕES HONROSAS
“Marias” – Pela relevância do tema apresentado através de depoimentos reais, emocionantes e contundentes.
“Plantae” – Pela atualidade e importância do tema abordado lindamente de forma simbólica e poética.
“Insone” – Pela capacidade de síntese na narração em tão pouco tempo, de uma história de aventura do imaginário infantil.

VOTO POPULAR
Melhor curta pernambucano: “Edney”, de João Roberto Cintra.
Melhor curta nacional: “Plantae”, de Guilherme Gehr.

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