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Rafael Terpins
Meu tio e o joelho de porco
Meu tio e o joelho de porco
Uma declaração de amor a um tio controverso, mas que se tornou a figura paterna de um garoto, quando este perdeu o seu pai. Isso é o documentário Meu tio e o joelho de porco. Mais do que uma cinebiografia sobre o controverso criador da banda punk paulista, o filme é um resgate de um sobrinho pela memória de seu parente mais próximo.
E como toda boa homenagem, relativiza os problemas do homenageado, exagerando nos elogios. Não que existam inverdades na obra, ou mesmo que não estejam ali os diversos defeitos de um homem muitas vezes irresponsável, seu envolvimento com drogas e todos os compromissos profissionais quebrados. Porém, há uma lente intencionalmente apaixonada na figura de Tico Terpins.
Há criatividade na forma de abordagem. Rafael Terpins torna a narrativa a mais pessoal possível, lendo diários do seu pai, falando em primeira pessoa sobre a história contada e dialogando com os entrevistados, colocando-se como personagem da obra. Isso dá o tom das conversas, inclusive quando ele lê a recusa do ex-vocalista argentino Billy Boyd, que saiu da banda brigado.
A linguagem também é criativa. Rafael cruza a cidade à bordo de um velho Landau azul. A situação precária do carro acaba se tornando uma espécie de gag em diversos momentos. Ao seu lado, ele tem um boneco do tio, que interfere na trama em diversos momentos, utilizando técnicas de animação também diversas.
O boneco Tico, quase uma assombração ou aqueles gênios de desenho animado, brinca com situações e depoimentos que vão acontecendo durante a projeção. É divertido acompanhar a brincadeira que traz muito do espírito irreverente do artista para a tela. Isso traz um ganho ao documentário, que, em nenhum momento, parece tradicional em seu formato, nem mesmo quando utiliza imagens de arquivo ou trabalha com depoimentos.
Punk por falta de uma definição melhor, como diz um dos depoimentos, a banda Joelho de Porco e seu som satírico e anárquico é resgatado e representado em diversos trechos de shows. Há também entrevistas e imagens caseiras de arquivo que ajudam a demonstrar para os espectadores que não tem familiaridade com a banda a dimensão de tudo aquilo.
Ainda que não questione ou faça uma análise crítica da banda ou do seu artista, Meu tio e o joelho de porco acaba sendo um filme divertido e emocionante. Por mais que traga o olhar pessoal do cineasta, dialoga com todos, fãs ou não da banda.
Filme visto no 22º Cine Pe.
Meu tio e o joelho de porco (2018 / Brasil)
Direção: Rafael Terpins
Roteiro: Rafael Terpins
Duração: 90 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Meu tio e o joelho de porco
2018-06-10T11:14:00-03:00
Amanda Aouad
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