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Hannah
Hannah
Estreando no Festival de Veneza de 2017 de onde saiu com o prêmio de melhor atriz para Charlotte Rampling, Hannah é uma obra difícil de classificar, pois transita à margem de gêneros e fórmulas, ainda que siga uma certa cartilha.
Acompanhando a rotina de sua protagonista, o roteiro traz uma certa curva tradicional com ponto de ataque e clímax bem definidos, ainda que se estruture em um ritmo contemplativo e alternativo.
Vemos Hannah dividindo o seu tempo entre a aula de teatro, o trabalho como empregada doméstica e as noites solitárias em casa com sua cadela. Isso, após seu marido ser preso. Porém, o que seria o ponto de ataque da curva dramática da trama, não chega a construir um conflito a ser resolvido, de maneira clássica.
O que vemos na obra é uma atmosfera que paira no ar, como se tudo que importasse estivesse no não dito. No que não pode ser explicitado e nunca o é de fato, ainda que alguns acontecimentos tragam um certo clímax e cenas de fortes emoções em momentos chaves como um bolo de aniversário, um choro no banheiro ou uma descoberta atrás do armário.
A trama se sustenta na entrega de Charlotte Rampling em ser essa mulher que transita pelo mundo sem se permitir muitas emoções ou escolhas. Talvez por isso, as aulas de teatro, momento em que pode extravasar um pouco suas próprias frustrações.
Quase sem trilhas, com um desenho de som também bem minimalista, o filme busca um realismo do arrastar dos dias, do cansaço, até de uma certa falta de perspectiva. Construindo esse efeito de aproximação com a protagonista e busca por empatia. Há uma força e imersão na experiência que nos envolve.
Hannah não é um filme simples, não entrega seus segredos com facilidade e escolhe por deixar muita coisa no ar, subentendida. Pode soar cansativo e mesmo enfadonho em sua rotina, mas traz uma delicadeza e uma riqueza fílmica que chama a atenção para o jovem cineasta Andrea Pallaoro e já deixa expectativas para seu terceiro longa-metragem, Monica, que está em produção.
Hannah (Hannah, 2017 / Bélgica)
Direção: Andrea Pallaoro
Roteiro: Andrea Pallaoro, Orlando Tirado
Com: Charlotte Rampling, André Wilms, Stéphanie Van Vyve
Duração: 95 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Hannah
2018-08-05T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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