
Não se pode dizer que Venom seja um filme ruim, pelo simples fato de que ele é competente em sua construção de ação. Há cenas de luta, de perseguição e de tensão bem feitas. Efeitos especiais bem finalizados e uma boa dose de adrenalina que nos faz acompanhar com atenção a projeção. O problema é que nada no roteiro parece crível.
É difícil realizar Venom sem o Homem-aranha. Há uma ligação forte do surgimento do alienígena com o herói. A própria história do jornalista Eddie Brock se mistura com a de Peter Parker. Sem isso, tudo parece vazio demais em sua concepção. Não há um aprofundamento coerente das personagens e mesmo o vilão da obra é frágil em sua motivação. Isso sem falar nas reviravoltas pouco críveis.

Tom Hardy, no entanto, se esforça para passar verdade com sua personagem. Há um brilho especial na composição do ator para a voz do Venom que começa a conversar com Eddie Brock em sua mente. Os diálogos nos passam a ideia de duas pessoas distintas conversando e, só por isso, já é um trabalho de interpretação louvável.

A própria construção ambígua de Venom entre vilão e herói acaba sendo pouco desenvolvida. O conflito de Eddie Brock não nos convence e algumas atitudes de Venom parecem bastante incongruentes. A sensação é de que tentaram fazer aqui a disputa psicológica que Peter Parker teve quando o simbionte tomou o seu corpo.
Na verdade, a sensação que fica de Venom é que seja uma obra medíocre, não há grandes qualidades a serem exaltadas, mas também não há erros tão grosseiros que nos façam categorizar com um dos piores filmes do ano. Fica ali, no meio do caminho, sem dizer a que veio e deixando um gosto amargo de frustração ao final da sessão. Uma pena, já que é uma das personagens mais instigantes do universo Marvel.
Venom (Venom, 2018 / EUA)
Direção: Ruben Fleischer
Roteiro: Jeff Pinkner, Scott Rosenberg e Kelly Marcel
Com: Tom Hardy, Michelle Williams, Riz Ahmed
Duração: 112 min.