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Pamela B. Green
Be Natural: a história não contada da primeira cineasta do mundo
Be Natural: a história não contada da primeira cineasta do mundo
Alice Guy-Blaché foi pioneira em muitos aspectos na história do cinema. O filme de Pamela B. Green nos mostra como esse reconhecimento quase se perdeu no percurso da História e os passos que foram necessários para resgatá-la.
Be Natural tem em sua principal força o registro de um passado quase apagado e uma homenagem póstuma mais do que merecida a essa incrível cineasta. Seus filmes são inspiração não apenas para mulheres, mas para homens como Serguei Eisenstein ou Alfred Hitchcock. A primeira a investir em cinema narrativo, a adaptar a Bíblia e a fazer um filme com elenco de atores negros. Foi uma das primeiras a ter um estúdio também e realizou mais de mil filmes entre curtas e longas.
Ainda que parta de um formato televisivo tradicional com imagens de arquivo e narração em voz over, o filme tem uma dinâmica própria de ir recontando sua história, utilizando diversas linguagens e efeitos como elementos gráficos, ilustrações, reprodução de telefonemas e gravações.
A montagem também utiliza as fotos de maneira dinâmica, como quando puxa o assunto do apagamento da cineasta e a sua imagem vai sendo escurecida em um canto. Ou quando é preciso confirmar se é ela manuseando uma câmera em uma filmagem dos irmãos Lumière.
O filme refaz os passos da pesquisa sobre a cineasta e por isso acaba forçando uma abertura que hoje parece artificial de vários cineastas dizendo que nunca ouviram falar de Alice Guy-Blaché, apenas Ava DuVernay diz que já tinha ouvido falar. Mas é fato que por muito tempo, a maioria não saberia responder a essa pergunta que não estava em livros sobre a História do cinema.
Um dos momentos mais marcantes é um resgate de um debate onde críticos e cineastas supõem que ela foi esquecida por não ter talento, ainda que fosse pioneira. Sendo que nenhum deles tinha visto um dos seus filmes para confirmar tal afirmação e que o resgate das obras demonstrou o contrário.
Ainda que soubéssemos que a cineasta só foi resgatada há pouco tempo, não deixa de ser assustador constatar como esse apagamento não foi negligência histórica e sim algo intencional, partindo de homens que conviveram com ela. Mais do que isso, que tudo começou com ela ainda em vida tentando brigar para provar que as obras foram dirigidas por ela e tentando resgatar seus negativos perdidos.
O documentário tem o mérito de não ser um simples resgate de arquivos, recontando a história, mas faz questão de ser crítico e, nisso, acaba ganhando um valor ainda maior. Um filme necessário para qualquer pessoa que goste e queira estudar cinema.
Filme visto no 20º Festival de Cinema do Rio de Janeiro.
Be natural: a história não contada da primeira cineasta do mundo (Be Natural: The Untold Story of Alice Guy-Blaché, 2018 / EUA)
Direção: Pamela B. Green
Roteiro: Pamela B. Green, Joan Simon
Duração: 103 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Be Natural: a história não contada da primeira cineasta do mundo
2018-11-11T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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