
Baseado no livro de Tomoka Shibasaki, Asako I e II é um melodrama clássico. Uma história de amor que passa da idealização à realidade, construindo sua maturidade de maneira um pouco atropelada, é verdade, mas que também faz refletir sobre o psicológico de uma pessoa que acaba presa a uma imagem cristalizada.
Asako conhece e se apaixona por Baku à primeira vista, vivendo momentos intensos em sua juventude. Mas ele simplesmente some de sua vida, deixando-a só. Dois anos depois, ela encontra Ryohe, um rapaz totalmente diferente em personalidade, mas igual fisicamente e constrói com ele uma relação sólida. Porém, a imagem de Baku nunca lhe saiu da mente.

Essas escolhas não nos permite trabalhar as emoções das personagens, nem criar a empatia necessária para embarcar na emoção do que está por vir. Talvez por isso, muitas cenas soem exageradas, fora do tom, ou mesmo incongruentes. Não que seja impossível comprar a ideia da trama, mas há sempre algum incômodo na condução dela.

É impressionante como Hamaguch consegue dar a mesma intensidade a um jantar entre amigos em um apartamento que um terremoto em um teatro. E como pequenos detalhes vão dando o tom da narrativa e esta, parece sempre focada no psicológico das personagens.
Talvez pela escolha dos saltos temporais, a parte final, no entanto, parece afobada e exagerada, tirando a sensação de verdade e construindo algo acima do tom. Propositadamente ou não, a obra se transforma, perde a sutileza e apela para cenas como uma pessoa desmaiando de dor ou uma busca por um cachorro.
De qualquer maneira, Asako I & II é uma história de amor com todos os requisitos de idealização, dor e aprendizado que um bom melodrama traz, ainda que exagere em sua última parte, consegue contar sua história de maneira envolvente.
Asako I & II (Netemo sametemo, 2018 / Japão)
Direção: Ryusuke Hamaguch
Roteiro: Sachiko Tanaka, Ryûsuke Hamaguchi
Com: Masahiro Higashide, Erika Karata, Sairi Itô
Duração: 119 min.