
Vices são sempre colocados em segundo plano. Seja no esporte ou na política não se dá muita atenção os que parecem ficar na sombra dos primeiros. A história, no entanto, já demonstrou diversas vezes que não prestar a atenção neles pode ser um grande problema.
A intenção de Adam Mckay ao construir a cinebiografia do vice-presidente dos Estados Unidos Dick Cheney em forma de sátira parece clara. Faz piada inclusive com sua condição de vice, mas traz também uma tentativa de dosar o tom, com muitos momentos em que se leva a sério, que acaba perdendo parte da intenção e enfraquecendo a obra.

A ideia da narração em voz over com uma personagem que só será revelada mais a frente, no entanto, acaba sendo boa. Uma ironia dramática que costura bem a ideia e traz um ritmo mais dinâmico ao filme que poderia ser aprofundado em seus comentários sarcásticos e até mesmo nas pistas para a revelação de sua identidade.

Há o mérito também do elenco. Amy Adams e Steve Carell fazem sua parte dando suporte para que Christian Bale reconstrua bem essa controversa figura pública. Impressiona o trabalho corporal e vocal, além da maquiagem e trabalho de reconstituição de época. É curioso como, apesar de elementos de cena e figurino condizentes com cada momento vivido, há uma linguagem bastante atual que liga toda a direção de arte da obra.
Ainda que não consiga sustentar por toda a projeção sua proposta sátira, caindo em fórmulas convencionais e tentando se levar a sério em muitos momentos, Vice acaba sendo uma proposta que instiga.
Vice (Vice, 2019 / EUA)
Direção: Adam McKay
Roteiro: Adam McKay
Com: Christian Bale, Amy Adams, Steve Carell, Sam Rockwell
Duração: 132 min.