Entrevista com Sidney Magal
Com cinquenta anos de carreira, Sidney Magal sempre gostou de participar de diversos projetos além da música. Já fez programas humorísticos, participações em telenovelas, teatro, filmes e como ele mesmo definiu, até já desfilou, o que não faz dele um modelo ou ator, gosta de frisar, mas por ser uma celebridade. Muito conhecido por seus sucessos românticos como Sandra Rosa Madalena e O Meu Sangue Ferve por Você, Magal sempre misturou o tema romântico com ritmos dançantes que lhe deram o apelido de Amante Latino e até hoje é tema de casais apaixonados e conta que é chamado para cantar em muitos casamentos. Com uma participação especial em Chorar de Rir, filme de Toniko Melo, protagonizado por Leandro Hassum, o cantor compareceu à pré-estreia do filme em Salvador no último dia 14 de março e pudemos conversar um pouco com ele sobre a experiência. Confira como foi.
CinePipocaCult: Como foi o convite para fazer o filme?
Sidney Magal: Eu tenho uma amizade com o Leandro Hassum por causa da minha mulher, eles estudaram juntos e a gente acabou fazendo programas juntos, sempre tivemos um carinho muito grande. Então, quando o Toniko (Melo, diretor) me ligou eu disse na mesma hora, não quero saber nem o que vou fazer, será um prazer, porque trabalhar com o Leandro ,que é uma pessoa que quero muito bem, é um prazer. E também é sempre bom fazer trabalhos de humor, a gente está precisado cada vez mais sorrir.
CPC: E conta mais sobre a sua personagem. É um guru que joga uma maldição na personagem do Leandro (Hassum)?
SM: É, o Leandro procura esse guru, porque sabe que ele fez um trabalho a pedido de alguém para que ele não tivesse mais sucesso. E ele querendo muito sendo um ator dramático, reconhecido, ele vai lá pedindo para desfazer o feitiço. E é uma figura estranha, com umas roupas esquisitas, uma peruca meio louca. Eu disse: estou entre Luís XV e Cauby Peixoto (risos).
CPC: E como você vê essa questão que o filme aborda sobre a desvalorização da comédia em relação ao drama?
SM: É uma coisa antiga, né? Trabalhei com muitos comediantes e eu sinto que lá no fundo há um conformismo de que um ator cômico nunca será considerado um grande ator, como se fazer chorar fosse muito mais sério do que fazer rir. E as vezes fazer rir é muito mais difícil que fazer chorar.
CPC: E é possível fazer um paralelo dessa situação em relação à música. Já sentiu algum preconceito por ser um cantor popular e romântico.
SM: Não, eu acho que na música não tem tanto isso. Lógico que na década de 70, eu fui chamado de brega, as músicas populares não eram apoiadas pelas rádios FM. A imprensa crítica classe A não fazia matéria. Mas com o tempo isso foi se misturando. Hoje a música popular tomou conta. O Brasil assumiu que pode ser brega (risos). Antes, com a influência da Bossa Nova, tinha uma onda elitista. Hoje, não. Isso acabou e não se fala mais isso. E quando você faz um trabalho sincero com o público, a coisa perdura. Meu trabalho faz parte da vida das pessoas. Sempre encontro pessoas que tem algum fato marcante da família com uma música minha. Então, acho que para nós cantores, é mais fácil que para os atores.
CPC: E o que te faz chorar de rir?
SM: Crise de riso. Foi te explicar isso. Há muito tempo meu sorriso é abafado pelas notícias que vemos no mundo. A gente fica mal, senão não somos mais um ser humano. Só que outro dia, no nada, eu e meus genros, tranquilos e um fez uma palhaçada e gerou uma crise de riso que foi contagiante. Eles não conseguiam parar de rir, virou uma coisa louca, teve que separar os dois, que só de ouvir o riso do outro, eles já caiam na gargalhada. Aí eu pensei, que há muito tempo eu não ria assim, sem pensar em mais nada, só deixando o riso solto.
CPC: E já tem algum projeto novo no cinema?
SM: Em maio, a gente começa a rodar um filme que provavelmente vai se chamar O Meu Sangue Ferve por Você, nada criativo (risos) que é um musical que conta minha história de amor com minha esposa que é especial. Eu a pedi em casamento no dia que a conheci.
CPC: E você participa da produção do filme?
SM: Estou participando nos bastidores, vendo roteiro, acompanhando o processo. Como é um musical as músicas e minha voz serão utilizadas na obra. Estou muito animado. Eu tenho cinquenta anos de carreira, acabamos de lançar um livro “Sidney Magal: muito mais que um amante latino” e o DVD de cinquenta anos. Então, são marcos de minha carreira e o momento é esse.
Fotos: Genilson Coutinho.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Entrevista com Sidney Magal
2019-03-24T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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