
Inspirado em Hamlet de Shakespeare, O Rei Leão marcou a história do cinema e da animação quando foi lançado em 1994. A obra foi um sucesso de público e crítica, bateu recordes de bilheteria, venceu diversos prêmios como Annie Awards e o Globo de Ouro de Melhor Filme (Comédia/Musical) e se tornou referência para muitos. Lembrando que naquele ano o Oscar ainda não tinha a categoria de melhor filme de animação.
Essa nova versão em uma animação hiper-realista a ponto de muitos chamarem de live-action, não pode ser considerada ruim, afinal muitos elementos do filme original estão lá, inclusive repetição de planos e movimentos de câmera. A maneira como a linguagem cinematográfica é explorada ali ajuda na condução da trama, como na cena inicial com a apresentação do pequeno Simba mostrando a savana e a organização dos animais, mesclando cenas aéreas, com planos detalhes. Ou na trágica cena do vale onde a montagem ajuda a dar uma dimensão do todo ao mesmo tempo em que constrói a angústia do ponto de vista de Simba ou de Mufasa.

Porém, tanto realismo acaba prejudicando a construção do efeito emocional. O efeito antropozoomórfico aqui peca, diante de animais tão reais. Mesmo com eles falando e passando emoções através da dublagem, as expressões faciais e os gestos não acompanham, nos dando uma sensação estranha. A própria personalidade das personagens perde, em especial o vilão Scar que possuía um ar irônico e sarcástico que aqui parece frágil. Talvez apenas a dupla Timão e Pumba consigam manter a função de alívio cômico, mais pelas situações construídas que pelas expressões dos animais.

O fato é que a Disney não parece ter intenção de parar essas com essas versões repaginadas de suas obras. Vamos aguardar e torcer para que as experiências consigam ir além de visuais impressionantes e recriação do já visto. De qualquer maneira, O Rei Leão é uma obra que merece sempre uma revisitada, ver essa versão acaba nos dando vontade de rever o clássico desenho animado.
O Rei Leão (The Lion King, 2019 / EUA)
Direção: Jon Favreau
Roteiro: Jeff Nathanson
Duração: 118 min.