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Carcereiros - O Filme
Carcereiros - O Filme
Filmes vindos de série sempre são um risco de deixar a sensação de um episódio estendido. Baseada no livro homônimo de Drauzio Varela, Carcereiros consegue justificar uma narrativa de um longa-metragem ainda que tenha também seus percalços.
Com um tom bastante realista, a série conta a rotina dos funcionários de um presídio de segurança máxima, em especial do carcereiro Adriano, interpretado por Rodrigo Lombardi. Na primeira temporada, depoimentos reais cortavam parte da tensão da ficção, algo que acertadamente foi se tornando cada vez menos frequente na série. No filme, nem há essa questão.
Um dos pontos positivos da obra é que ela consegue se manter sozinha. Quem nunca viu a série consegue acompanhar facilmente a trama, entender quem é Adriano, suas principais características e também a dinâmica da cadeia. Há uma boa apresentação de personagem e do ambiente ficcional. Toda a trajetória de Adriano é baseada no arquétipo do herói.
Um dos problemas do filme, no entanto, é construir uma trama que, a princípio, foge bastante da proposta realista da série. Todo plot de um prisioneiro terrorista temporário e suas consequências são inverossímeis para a realidade apresentada e acaba se revelando um artifício tolo para o que é desenvolvido em tela. Enfraquece toda a proposta.
Outra tentativa que acaba sendo vazia é a de construir um elo emocional entre Adriano e sua filha, que acaba não se desenvolvendo nem tendo consequências mais contundentes. A personalidade do protagonista e a maneira como ele conduz a trama já são suficientes para a construção de empatia do público. Não havia necessidade do apelo melodramático de uma filha preocupada com a profissão perigosa do pai.
De qualquer maneira, a ação desenvolvida dentro do presídio é extremamente competente. A tensão da divisão das facções, a ala dos presos políticos, a dinâmica da invasão. Tudo vai sendo desenvolvido com uma câmera ágil que ajuda a manter a tensão mesmo diante de alguns acontecimentos que parecem inverossímeis. Prende a nossa intenção, desperta nosso interesse. Queremos acompanhar e ver seu desfecho, principalmente depois da primeira reviravolta na trama.
A obra de José Eduardo Belmonte também tem o mérito de, apesar de alguns pontos delicados, construir uma humanização da cadeia e seus presos. Adriano cumpre o seu dever de manter a ordem local e trabalha com respeito todos os prisioneiros, independente de qualquer coisa. Como ele mesmo diz, a missão dele é garantir que os presos continuem presos, não mortos.
Ainda que não precisasse apelar para estratégias mirabolantes, Carcereiros - o filme consegue entregar uma obra instigante. Há ação e reflexão em equilíbrio que justifica o longa-metragem sem perder de vista a série. Reforçando que é um universo que ainda é capaz de render boas histórias. Só não precisa querer se inspirar em tramas internacionais hollywoodianas. A realidade brasileira já é rica o suficiente.
Carcereiros - O Filme (Carcereiros, 2019 / Brasil)
Direção: José Eduardo Belmonte
Roteiro: Marçal Aquino, Fernando Bonassi, Dennison Ramalho
Com: Rodrigo Lombardi, Milton Gonçalves, Rômulo Braga, Kaysar Dadour, Dan Stulbach, Jackson Antunes, Tony Tornado
Duração: 110 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Carcereiros - O Filme
2019-11-30T08:30:00-03:00
Amanda Aouad
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