
Continuações são sempre um risco, ainda mais de um filme tão bom e bem resolvido quanto Frozen. A possibilidade de ser mais do mesmo é grande. Mas o roteiro de Jennifer Lee é extremamente hábil ao ampliar a mitologia de Elsa buscando a origem de seus poderes e os mistérios que envolvem aquele reino.
Tudo estava bem após o primeiro filme. Elsa se tornou uma boa rainha. Anna se acertou com Kristoff. Até Olaf ganhou uma nuvenzinha para se manter inteiro em pleno verão. Mas há mistérios não explicados e algo não está em equilíbrio. Uma voz chama por Elsa e ela precisa descobrir o que ameaça o reino.

A animação continua pecando ao exagerar nos números musicais. Principalmente no início, quando cada cena parece requisitar uma música. Isso é agravado pelo fato de não ter um hit tão forte quanto Let it go, mas, quando a trama engata, os números musicais ficam mais espaçados e o filme ganha melhor ritmo.
Impressiona os efeitos, principalmente quando trabalha a diversidade estética dos elementos da natureza dentro da floresta. A composição dos cenários e escolhas de movimento também deixam tudo mais mágico e envolvente para crianças ou adultos. As cenas de fuga, por exemplo, são sempre dinâmicas, não há uma repetição cíclica. E a jornada de Elsa no mar empolga.

Outro mérito é o filme não precisar apelar para a velha dicotomia bem vs mal. Não há um grande vilão em Frozen 2. Mesmo no primeiro filme, o vilão era secundário e se demonstrou quase desnecessário. Aqui eles arriscam camadas ainda mais tênues, estruturando as funções dramáticas de modo mais dinâmico.
O resgate do sagrado feminino e a força das protagonistas também encanta na obra. Não apenas Elsa e seus poderes mágicos. Nesse filme, Anna amadurece e descobre também o seu valor. Ela não precisa mais ser salva por Elsa, as duas tem papel importante nessa jornada. E isso torna Frozen 2 ainda mais especial.
P.S. Tem uma divertida cena pós créditos.
Frozen 2 (Frozen II, 2019 / EUA)
Direção: Chris Buck, Jennifer Lee
Roteiro: Jennifer Lee
Duração: 103 min.