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Oppenheimer
“Uma bomba sob o Japão, fez nascer o Japão da paz”. Essa frase de Gilberto Gil traduz o paradoxo entre guerra e paz que serviu como justificativa para os Estados Unidos ser perdoado historicamente pela ação que “terminou” com a Segunda Guerra Mundial. Mas, a verdade, é que uma decisão que gerou consequências em gerações do oriente não pode ser redimida como a única saída possível. Em Oppenheimer, Nolan se debruça sobre a mente do criador da bomba atômica para tentar traduzir esse dilema ético entre a ciência e a atividade bélica.
Não por acaso, o filme começa citando o mito de Prometeus. O mesmo que serve de referência para o livro no qual a obra se inspirou: “Oppenheimer: o triunfo e a tragédia do Prometeu americano”. O semi-deus foi condenado a ficar amarrado a um rochedo com um abutre comendo seu fígado pela eternidade. Já o “pai” da bomba atômica foi condecorado por seus méritos científicos.
Dividindo a narrativa em três momentos específicos, Christopher Nolan vai conduzindo a investigação sobre a mente desse homem brilhante, seus conflitos éticos e o peso da humanidade em suas costas. A progressão dramática vai intercalando o julgamento que ele enfrentou em 1954 por ser investigado como possível informante russo, a criação do Projeto Manhattan que resultou na bomba e um terceiro plot no qual é apenas citado, tendo Lewis Strauss como protagonista em sua tentativa de entrar para o congresso estadunidense.
A Física Quântica é um elemento visual que interliga os pensamentos de Oppenheimer, ajudando no ritmo da narrativa e na construção do efeito estético que Christopher Nolan tanto preza, manipulando a linguagem cinematográfica em sua arquitetura própria, que muitas vezes mascara uma falsa genialidade, mas que também traz seus méritos e ajuda a nos envolver na trama de uma maneira mais intensa. Não há dúvidas que temos aqui um bom filme.
O elenco estelar traz nomes como Robert Downey Jr., Matt Damon, Emily Blunt e Florence Pugh, que estão bem em seus papéis, mas nada se compara a performance de Cillian Murphy. O ator irlandês incorpora o protagonista com intensidade, dosando bem os momentos de vislumbres científicos e o peso da bomba que ajudou a criar. A maneira como Nolan intercala os transe com efeitos do universo quântico e depois com as alucinações das consequências da explosão também ajudam a compor o sentimento da personagem, nos dando uma aproximação ainda maior do seu ponto de vista.
Isso nos faz constatar que, mais do que um filme de guerra ou de um acontecimento histórico, esta é uma obra de personagem e diretor. São pouco mais de três horas de projeção, que poderiam ser resumidas, mas que ajudam a construir o ritmo da experiência, escalando a tensão, por mais que já saibamos o final da história.
Oppenheimer, de alguma maneira, é um coroamento de tudo que Nolan vem construindo em Hollywood desde Amnésia. Entre investigações da mente humana e guerras, o diretor sempre buscou a perfeição de sua cinematografia. Metódico e amante da sétima arte clássica, se recusa a ceder ao CGI e outras facilidades tecnológicas, filmando em IMAX e buscando experiências analógicas. Há altos e baixos em sua carreira, mas já nos deu bons momentos e criou sua legião de fãs. Vejamos o que virá em seguida.
Oppenheimer (Estados Unidos, 2023)
Direção: Christopher Nolan
Roteiro: Christopher Nolan
Com: Cillian Murphy, Robert Downey Jr., Matt Damon, Emily Blunt, Florence Pugh, Tom Conti
Duração: 180 min.
Amanda Aouad
Crítica afiliada à Abraccine (Associação Brasileira de Críticos de Cinema), é doutora em Comunicação e Cultura Contemporâneas (Poscom / UFBA) e especialista em Cinema pela UCSal. Roteirista profissional desde 2005, é co-criadora do projeto A Guardiã, além da equipe do Núcleo Anima Bahia sendo roteirista de séries como "Turma da Harmonia", "Bill, o Touro" e "Tadinha". É ainda professora dos cursos de Jornalismo e Publicidade e Propaganda da Unifacs e da Uniceusa. Atualmente, faz parte da diretoria da Abraccine como secretária geral.
Oppenheimer
2023-07-20T09:00:00-03:00
Amanda Aouad
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