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O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias

O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias - filme

O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias
(2006), dirigido por Cao Hamburger, é um filme que mergulha no turbulento período da ditadura militar brasileira, trazendo uma abordagem sensível e cativante por meio dos olhos de uma criança. Com uma narrativa cuidadosa e uma direção atenta aos detalhes, a obra apresenta uma metáfora futebolística, destacando a solidão e a responsabilidade do protagonista, enquanto explora de forma ingênua as complexidades políticas e sociais da época.

O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias - filme
Situado no ano de 1970, em plena Copa do Mundo, o filme nos apresenta a Mauro, interpretado brilhantemente por Michel Joelsas, um menino de 12 anos que se vê separado de seus pais, militantes de esquerda perseguidos pelo regime autoritário. Abandonado pelo casal, Mauro é deixado aos cuidados do seu avô, mas acaba encontrando abrigo no apartamento de Shlomo, um vizinho solitário vivido por Germano Haiut. Através dessa nova convivência, o filme nos leva a uma jornada emocional, explorando a relação entre as gerações e a construção de uma identidade em meio à adversidade.

A direção de Cao Hamburger se destaca ao retratar com maestria a sensibilidade e a perspectiva infantil diante de um contexto opressivo. Hamburger, conhecido por seu trabalho com o público infantil em Castelo Rá-Tim-Bum, demonstra uma habilidade ímpar ao conduzir as atuações do elenco-mirim e capturar os momentos de inocência, curiosidade e descoberta de Mauro, resultando em performances autênticas e tocantes.

Uma das grandes forças de O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias é sua capacidade de transmitir a atmosfera da época e o clima de incerteza política sem recorrer a exposições óbvias. Hamburger opta por mostrar, de forma sutil, os desdobramentos do regime ditatorial e seus impactos na vida das pessoas. A metáfora futebolística, tão presente ao longo do filme, ilustra de maneira brilhante a solidão do goleiro, uma posição que reflete a responsabilidade solitária de Mauro em meio à repressão e à busca pela sua identidade.

O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias - filme
Ao explorar o bairro do Bom Retiro, conhecido por sua concentração judaica e pela efervescência do comércio têxtil, o filme estabelece um pano de fundo histórico e cultural rico em detalhes. A direção de arte e a fotografia enaltecem a atmosfera da época, transportando o espectador para os anos 70. Além disso, a trilha sonora, composta por Beto Villares, traz um tom nostálgico e melancólico, reverberando as emoções recorrentes na narrativa.

O momento mais marcante do filme é a espera de Mauro pelo retorno de seus pais, prometido para a Copa do Mundo. Essa espera angustiante se entrelaça com a atmosfera festiva e esperançosa do torneio, refletindo a dualidade de sentimentos presentes no período histórico retratado. É nesse contraste entre o futebol como válvula de escape da realidade e a tristeza da ausência familiar que reside a força emocional de O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias.

O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias é uma obra cinematográfica poderosa, que transcende o simples retrato histórico e se firma como uma metáfora da infância em meio à adversidade política. Com uma direção sensível, o filme nos envolve em uma jornada emocional, explorando temas como solidão, identidade e esperança. Ao entrelaçar a história pessoal de Mauro com o contexto da ditadura militar brasileira, Cao Hamburger nos entrega um filme impactante e reflexivo, que merece ser sempre lembrado como um importante exemplar do ótimo cinema nacional.


O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias (O Ano em Que Meus Pais Saíram de Férias - 2006, Brasil)
Direção: Cao Hamburger
Roteiro: Braulio Mantovani, Anna Muylaert
Com: Michel Joelsas, Germano Haiut, Simone Spoladore
Duração: 105 min.

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