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Cidade das Sombras
Cidade das Sombras
Alex Proyas, o diretor por trás do épico cult Cidade das Sombras (1998), nos presenteou com uma obra de ficção científica neo-noir que transcende as barreiras do convencional. Este filme, inicialmente eclipsado pelo estrondoso sucesso de Titanic nos cinemas, rapidamente se afirmou como um precursor visionário para os thrillers existencialistas que emergiram posteriormente.
Proyas teceu um tapete cinematográfico único, amalgamando a visão de Fritz Lang, especialmente em obras como M e Dr. Mabuse, com as perturbadoras imagens de Robert Wiene, notadamente em O Gabinete do Dr. Caligari. Este caldeirão de influências resulta em uma experiência cinematográfica única, uma antecipação sutil do que viria a ser celebrado em Matrix (1999) e A Origem (2010).
No centro da narrativa está John Murdoch, interpretado com nuances cativantes por Rufus Sewell, um homem acordando em um pesadelo de amnésia e conspirações. A trama, intrincada e cheia de suspense, desenrola-se em uma cidade sem nome, enigmática e controlada pelos misteriosos Estranhos. Jennifer Connelly, como a esposa de Murdoch, e William Hurt, como um detetive cético, oferecem performances sólidas, contribuindo para a complexidade emocional do filme.
A visão singular de Proyas é evidente em cada frame. Ele mergulha a audiência em uma metrópole noturna, um labirinto de sombras e realidades distorcidas. A direção artística, magistralmente conduzida por Richard Hobbs, transforma a cidade, criando uma atmosfera onde o tempo e o espaço se desintegram. Dariusz Wolski, por meio de sua cinematografia, pinta um quadro de escuridão que, em seu desfecho, se ilumina com o despertar de novas memórias.
O ápice do filme reside na revelação da verdade sobre a cidade. Esse momento não apenas redefiniu a narrativa, mas solidificou Cidade das Sombras como um filme que surpreendeu sua recepção inicial. A influência dessa revelação é perceptível em obras que vieram muito tempo depois, notavelmente na saga Matrix, onde as irmãs Wachowski já reconheceram a inspiração recebida.
Inicialmente rotulado como um fracasso de bilheteria, Cidade das Sombras encontrou redenção na versão do diretor de Proyas. As cenas eliminadas e as mudanças narrativas revelam uma coerência subjacente, desmentindo a alegação inicial de incompreensibilidade. A verdadeira surpresa não é apenas a trama envolvente, mas como Proyas habilmente superou as expectativas da época.
O fascínio duradouro de Cidade das Sombras é evidenciado pela recente incursão de Proyas no universo, com Mask of the Evil Apparition (2020), um breve vislumbre em sua ambição de transformar o filme em uma série. Essa iniciativa, embora ainda envolta em mistério, sugere que a cidade noturna, com seus segredos e enigmas, tem mais a oferecer às futuras gerações de espectadores.
Cidade das Sombras é mais do que uma viagem cinematográfica; é uma exploração profunda das complexidades da existência, embalada em um manto de mistério e intriga. Proyas, com sua visão distinta, forjou uma obra que não apenas resistiu ao teste do tempo, mas continua a influenciar a narrativa cinematográfica contemporânea. Esta pérola quase desconhecida do cinema é uma jornada além das sombras que desafia as fronteiras entre realidade e ilusão.
Cidade das Sombras (Dark City, 1998 / EUA, Austrália)
Direção: Alex Proyas
Roteiro: Alex Proyas, Lem Dobbs
Com: William Hurt, Richard O'Brien, Jennifer Connelly, Rufus Sewell
Duração: 95 min.
Ari Cabral
Bacharel em Publicidade e Propaganda, profissional desde 2000, especialista em tratamento de imagem e direção de arte. Com experiência também em redes sociais, edição de vídeo e animação, fez ainda um curso de crítica cinematográfica ministrado por Pablo Villaça. Cinéfilo, aprendeu a ser notívago assistindo TV de madrugada, o único espaço para filmes legendados na TV aberta.
Cidade das Sombras
2024-01-22T08:30:00-03:00
Ari Cabral
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