Sly é mais do que apenas um documentário sobre a vida e carreira do icônico Sylvester Stallone; é uma celebração do legado deste ícone dos filmes de ação. Dirigido por Thom Zimny, o filme estreou no Festival de Toronto de 2023, causando expectativa e interesse, especialmente pela rara oportunidade de uma conversa franca com Stallone sobre sua visão da indústria cinematográfica contemporânea e suas próprias experiências.
Em todo o documentário Sly, mergulhamos nas memórias de Stallone, desde sua juventude até seus dias de glória como um dos maiores astros de ação de todos os tempos. E o documentário não se esquiva dos altos e baixos da carreira de Stallone, explorando seus sucessos, como a franquia Rocky e Rambo, bem como seus fracassos e momentos de dúvida, particularmente durante os difíceis anos 90. Sly também oferece insights valiosos sobre a abordagem criativa e o trabalho como roteirista e diretor de Stallone, destacando sua habilidade única de transformar experiências pessoais em narrativas poderosas.
Uma das escolhas mais interessantes do diretor é a narrativa que se desenrola durante o processo de mudança de Stallone. Essa abordagem metafórica adiciona camadas de profundidade à narrativa, abordando sua eterna busca em sair de uma certa zona de conforto, apesar de, na sua carreira, suas tentativas de sair do gênero de ação não tenham sido muito bem sucedidas.
Uma das maiores conquistas de Sly é sua habilidade em capturar tanto o ícone público quanto o homem por trás do personagem. Não apenas somos levados pelos bastidores de seus filmes mais famosos, mas também testemunhamos Stallone compartilhando reflexões íntimas sobre sua relação com seu pai, suas lutas pessoais e até mesmo a perda de seu filho Sage. A relação com seu pai, então, toma boa parte do filme e mostra como Stallone foi moldado.
A abordagem do diretor em destacar Stallone como um ícone da ação é digna de nota. Ao contextualizar filmes como Rocky e Rambo dentro do panorama cinematográfico mais amplo, Sly nos lembra da influência duradoura que essas franquias tiveram no cinema e na cultura popular. A rivalidade entre Stallone e Schwarzenegger é explorada de maneira reveladora, oferecendo insights que nos deixam surpresos em alguns momentos.
No entanto, Sly não é apenas uma viagem nostálgica pelos sucessos de Stallone, também aborda de frente os momentos em que suas visões criativas não atingiram o alvo, como nos filmes F.I.S.T. e A Taberna do Inferno de 1978, e os desafios que enfrentou em sua carreira. A montagem habilidosa do documentário mantém o público envolvido, enquanto Stallone compartilha seus pensamentos sobre o poder da imagem e sua abordagem única à ação e ao drama.
Embora Sly possa não oferecer muitas novidades para os fãs dedicados de Stallone, sua organização sólida e montagem eficaz o tornam uma experiência valiosa para qualquer um interessado na história do cinema de ação e no homem por trás dos músculos.
Sly (Sly, 2023 / EUA)
Direção: Thom Zimny
Roteiro: Thom Zimny
Com: Sylvester Stallone, Arnold Schwarzenegger, Quentin Tarantino, Frank Stallone, Talia Shire
Duração: 95 min.